O presidente eleito, Jair Bolsonaro (PSL), começou a discutir com aliados a estrutura que o Palácio do Planalto terá a partir de janeiro e também a montagem de um núcleo duro do seu governo, no qual pretende se apoiar para tomar suas principais decisões. Esse grupo deve contar com o general reformado Augusto Heleno Ribeiro, um dos seus principais conselheiros, o vice-presidente eleito, Hamilton Mourão, os futuros ministros Paulo Guedes (Economia) e Onyx Lorenzoni (Casa Civil), o advogado Gustavo Bebianno e o líder ruralista Luiz Antonio Nabhan Garcia.
A presença de Heleno poderia ser no comando do Gabinete da Segurança Institucional (GSI), que funciona no 4.º andar do palácio, um acima da sala presidencial. Essa possibilidade, ainda em discussão, alteraria indicações na nova Esplanada, pois Heleno foi anunciado como titular do Ministério da Defesa.
A ideia de o general Heleno ir para o Planalto é permitir que ele esteja constantemente ao lado de Bolsonaro. Se estiver na Defesa, Heleno teria uma agenda específica a cumprir, o que lhe exigiria viajar e ter compromissos relacionados às Forças Armadas. Um general ligado a Bolsonaro observa que Heleno, que tem experiência na rotina do Palácio – onde atuou em assessorias militares nos governos Fernando Collor (1990-1992) e Itamar Franco (1992-1994) –, seria peça fundamental para estar ao lado do presidente eleito para ajudá-lo a “desarmar bombas e armadilhas”, pela experiência até em negociações com o Congresso.
Nesta segunda-feira, 5, o general disse que o fato de muitos militares terem indicação para postos do Executivo é uma questão de coerência. “Não tem nada a ver com governo militar. É um aproveitamento de gente que o País não estava acostumado a aproveitar.”
Ainda não foi definido se o novo ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, integrará formalmente essa estrutura mais próxima ao presidente eleito. É certo, porém, que ele participará frequentemente das reuniões do novo governo.
Transição. Guedes e Bebianno estão entre as 27 nomeações publicadas ontem em edição extra do Diário Oficial da União para a equipe de transição, formada até agora apenas por homens. Entre os escolhidos, está ainda Marcos Carvalho, da AM4, empresa que trabalhou na campanha de Bolsonaro. Eles terão acesso a informações detalhadas de programas e ações do atual governo. Dos nomes, 22 foram indicados pelo gabinete de transição e cinco cedidos pelo governo Temer por já serem servidores.
Também foram criados dez grupos técnicos para estruturar o início da gestão Bolsonaro e que dão pistas de como será a composição da Esplanada. São eles: desenvolvimento regional; ciência, tecnologia, inovação e comunicação; modernização do Estado; economia e comércio exterior; educação, cultura e esportes; justiça, segurança e combate à corrupção; defesa; infraestrutura; produção sustentável, agricultura e meio ambiente; saúde e assistência social.
Nomeado ministro extraordinário da transição, Onyx vai coordenar os trabalhos da equipe. Nesta segunda-feira, ele participou da primeira reunião no Centro Cultural Banco do Brasil (CCBB), em Brasília, local que funcionará o QG da transição. “Estamos na fase de muito trabalho e pouca conversa.”
Integrante da equipe de transição, o administrador Paulo Uebel é investigado pelo MP sob suspeita de improbidade administrativa. Procurado, disse não ter conhecimento da ação. Já o deputado eleito Julian Lemos (PSL-PB) responde a um processo na Lei Maria da Penha e já foi denunciado na primeira instância por estelionato. Ele disse que os casos da Lei Maria da Penha já foram explicados, “inclusive com processos arquivados”. / COLABORARAM IDIANA TOMAZELLI, LÍGIA FORMENTI, CAMILA TURTELLI, MARIANA HAUBERT, LUCIANA DYNIEWICZ e CAIO SARTORI
Veja a lista completa da equipe de transição
Paulo Guedes, futuro ministro da Economia
Onyx Lorenzoni, ministro extraordinário da transição e futuro ministro da Casa Civil
Augusto Heleno, futuro ministro da Defesa
Marcos Pontes, futuro ministro da Ciência e Tecnologia
Gustavo Bebianno, advogado de Bolsonaro; cotado para assumir ministério
Pablo Antônio Fernando Tatim dos Santos, designado para assessorar o ministro extraordinário Onyx Lorenzoni
Roberto Castello Branco, economista, diretor da FGV, ex-diretor da Vale
Julian Lemos, deputado federal eleito pelo PSL-PB
Paulo Uebel, secretário municipal de gestão na Prefeitura de São Paulo
Marcos Aurélio Carvalho, CEO da AM4, empresa de publicidade da campanha de Bolsonaro
Waldemar Gonçalves Ortunho Junior, coronel reformado do Exército
Paulo Roberto, tenente-coronel dos Bombeiros, auxiliará na área da educação
Luciano Irineu de Castro Filho Engenheiro, doutor em matemática e professor na área de Economia na Universidade de Iowa (Estados Unidos); indicado para o setor de energia
Arthur Bragança de Vasconcellos Weintraub, Professor de Direito Previdenciário e de Direito Atuarial da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp)
Abraham Bragança de Vasconcellos Weintraub, economista, professor da Unifesp
Alexandre Xavier Ywata de Carvalho, diretor do Instituto de Pesquisa Econômica e Aplicada (Ipea)para meio ambiente
Luiz Blumm, Consultor e coronel da reserva do Corpo de Bombeiros, para saúde e defesa
Adolfo Sachsida, pesquisador do Ipea e pós-doutor pela Universidade do Alabama; tem assessorado Paulo Guedes
Marcos Cintra, ex-deputado e atual presidente da Finep
Carlos Von Doellinger, economista, ex-secretário do Tesouro Nacional
Carlos Alexandre Jorge da Costa, ex-diretor do BNDES e doutor em economia pela Universidade da Califórnia
Bruno Eustáquio Ferreira Castro de Carvalho, diretor da secretaria especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI)
Sérgio Queiroz, procurador da Fazenda Nacional em João Pessoa
Antônio Flávio Testa, cientista político e professor da FGV
Jonathas Assunção Salvador Nery de Castro, engenheiro, diretor da secretaria especial do Programa de Parcerias de Investimentos (PPI)
Waldery Rodrigues Junior servidor, irá compor a equipe de transição na área econômica
Ismael Nobre
Eduardo Chaves Vieira
Tânia Monteiro e Leonencio Nossa, O Estado de S.Paulo