
Com O Globo e agências internacionais
BERLIM - Os afiliados do Partido Social-Democrata da Alemanha (SPD) aprovaram uma nova coalizão de governo com os conservadores da União Democrata-Cristã (CDU), partido da chanceler Angela Merkel, segundo resultados oficiais do referendo internado comunicados neste domingo. Os votos a favor obtiveram maioria de 66,02% na consulta que registrou 78,4% entre os 463 mil inscritos no partido.
Diante da perda de vagas no Parlamento em setembro passado, o bloco de Merkel, formado também pela União Social-Cristã (CSU), precisou negociar com os social-democratas para formar um novo governo e, assim, garantir estabilidade em seu quarto mandato à frente da maior economia da Europa. É provável que Merkel seja formalmente eleita chanceler em 14 de março.
— Informei ao presidente (Frank-Walter Steinmer) e à chanceler (Angela Merkel) o resultado — declarou o chefe-interino do SPD, Olaf Scholw, na sede do partido.
Em comunicado, Merkel acolheu a aprovação do pacto, afirmando que é "uma boa decisão para o SPD e especialmente para o país".
"O novo governo tem muito trabalho à frente e precisa ser inicado logo", defendeu a chanceler.
Sem apoio do SPD, a formação de um governo dirigido por Angela Merkel era impossível, segundo analistas. As bases mais jovens dos afiliados do SPD eram contrárias ao acordo com Merkel. Muitos no partido queriam que seu líder, Martin Schulz, respeite sua promessa de uma virada à esquerda e não ceda demais aos conservadores da CDU. O líder da ala jovem, Kevin Kuhnert, encabeçou a campanha dentro do partido para rejeitar um novo acordo.
Muitos deles se opunham a formar outra coalizão complicada com Merkel depois que seu partido sofreu o pior resultado do pós-guerra nas eleições de setembro, abrindo espaço para a extrema-direita. No pleito do ano passado, os radicais do Alternativa para Alemanha (AfD) obtiveram 13% dos votos, conseguindo entrar pela primeira vez no Parlamento federal.
A aprovação do acordo pelos dois partidos põe fim a cinco meses de impasse político inédito na maior economia da Europa, o que causou preocupação a investidores e parceiros da União Europeia (UE), já que as questões internas na Alemanha podem adiar negociações-chave, como a reforma da zona do euro e a saída do Reino Unido do bloco