
Reuters
CARACAS – O candidato a presidente da Venezuela Henri Falcón disse, na quarta-feira, sonhar em ter Francisco Rodríguez, economista chefe do banco de investimento Torino Capital, em sua equipe se ganhar de Nicolas Maduro nas eleições, em 22 de abril. Rodríguez, que tem defendido a adoção do dólar como a saída para a hiperinflação venezuelana, já seria um conselheiro informal do candidato.
— Qual é o câncer da Venezuela, além do governo? É a economia. E a economia é para especialistas. Francisco é um homem muito qualificado. Mas além disso, é um político reconhecido aqui e no exterior. Precisamos montar um ótimo time liderado por um grande economista. Esse é Francisco Rodríguez — disse.
Um dos principais analistas da situação econômica venezuelana, Rodríguez recentemente sugeriu que a moeda local deveria ser trocada pelo dólar. A medida impediria o governo de imprimir mais dinheiro e acabaria com a hiperinflação. Ele também defende a capacidade de um novo governo conseguir apoio do Banco Mundial e do Fundo Monetário Internacional.
Rodríguez, que tem experiência em Wall Street, confirmou estar dando conselhos informais a Falcón.
— A economia venezuelana não consegue sobreviver mais seis anos de Maduro. O país não merece isso.
Falcón diz também querer Eduardo Fernandez, ex-candidato à presidência pelo partido de oposição COPEI, como seu ministro de relações exteriores.
Além disso, afirmou priorizar, caso eleito, a retomada das relações com os Estados Unidos.
Apesar da maioria dos analistas não acreditar que ele será eleito, pesquisas mais recentes o colocam na frente de Maduro na preferência dos eleitores.
— Os Estados Unidos teriam no novo governo um aliado em potencial — disse Falcón, que se define como de centro-esquerda, a favor tanto do livre-mercado quanto de programas de bem-estar social.
No momento, os americanos consideram sanções contra o petróleo venezuelano caso Maduro não faça mudanças no sistema eleitoral — elaborado, segundo críticos, para legitimar sua ditadura. Falcón já disse discordar com ações nesse sentido, pois elas prejudicariam os mais pobres. No entanto, o presidente americano Donald Trump já colocou sanções contra indivíduos considerados culpados de "erodir a democracia da Venezuela" e impôs medidas para impedir o financiamento do governo.
Com 56 anos, o ex-militar Henri Falcón passou a maior parte de sua vida apoiando os socialistas, até romper com eles em 2010. Recentemente, atraiu a ira da oposição ao furar o boicote contra as eleições. Segundo o candidato, ações similares levaram, no passado, à vitória dos adversários e, no atual momento, o povo venezuelano pede por mudanças.
— Abstenção não serve para nada. Na história do mundo, nos últimos dois séculos, nenhum governo jamais ganhou eleição em época de hiperinflação — disse, lembrando que uma caixa de ovos hoje vale mais da metade de um salário mínimo.
Os preços no país aumentaram 4.000% nos últimos doze meses, segundo estimativas da Assembleia Nacional, composta na maioria de opositores. Os números batem com os de economistas independentes.
Falcón exige melhores condições para as eleições, incluindo uma mudança na data da votação, observadores da ONU e o fim do assédio a opositores de Maduro. Ele também pede para que o governo não ofereça favores no dia das eleições. Sem essas garantias, ele pode vir a desistir da candidatura.
Em relação a economia, Falcón não entrou em detalhes acerca de quais seriam suas políticas. Afirmou apenas que irá priorizar a inflação e apoiar um sistema de câmbio unificado, diferente do atual sistema, que mistura preços do governo e do mercado negro.