quinta-feira, 1 de março de 2018

"1% é pouco, mas é o fim de uma das piores recessões do país", segundo Miriam Leitão

O campo foi o destaque, com o salto de 13% da Agropecuária no ano
O 1% redondo em que fechou o PIB de 2017 é pouco, mas é o fim oficial da recessão brasileira. Fica claro que o que puxou o PIB para fora do buraco foi a Agropecuária, que teve uma alta de 13%, os Serviços fecharam o ano com um resultado muito pequeno, de 0,3%, e a Indústria tem apenas a comemorar o fato de não ter caído novamente. Ficou em zero.
O Brasil viveu uma das piores recessões de sua história desde o fim de 2014. Ao ser encerrada agora, com este número, deixa uma série de traumas e cicatrizes. O país tem um exército de desempregados, uma deterioração no mercado de trabalho, o PIB vai demorar a recuperar o que perdeu, a indústria encolheu. A Agropecuária conseguiu se levantar primeiro pela força de preços melhores, um bom clima no ano passado, e um investimento em maior produtividade. O campo brasileiro tem aumentado sua capacidade de produção todos os anos, em todos os cenários. É uma pena que uma parte do Agronegócio defenda bandeiras tão ultrapassadas, porque o setor é ágil, competitivo e uma parte dele se moderniza rapidamente.
Em 2018 o país crescerá um pouco mais, mas ainda é a corrida atrás do PIB perdido nessa recessão que foi causada principalmente por imperícia na condução da política econômica. Ela, que começou no fim de 2014, foi devastadora, principalmente sobre o emprego.
Há sombras sobre a possibilidade de que haja um crescimento sustentável nos próximos anos. Uma delas é a nova queda da taxa de investimento que houve no ano passado. Em 15,6% do PIB, ela está no menor nível já registrado na série, que começou em 1996. Sem investimento será dificil manter a recuperação. Outra dificuldade do país é o rombo das contas públicas, ainda sem solução à vista.
PIB voltou a crescer no ano, após duas quedas de 3,5% em 2016 e 2015