terça-feira, 2 de janeiro de 2018

Petrobras vai colocar em operação número recorde de plataformas

Fernanda Nunes, O Estado de S. Paulo


Plataforma da Petrobras
Até então, 2014 havia sido o ano com maior número de novas plataformas em operação Foto: Divulgação
A Petrobrás vai instalar um número recorde de plataformas este ano. Serão oito embarcações, todas destinadas ao pré-sal, que, no prazo de um a dois anos, vão ampliar a produção da empresa em mais de 1 milhão de barris por dia, quase a metade do volume total extraído em todo País, atualmente de 2,6 milhões de barris. 
Nunca a Petrobrás instalou tantas plataformas em um mesmo ano. O marco, até então, era 2014, quando quatro unidades iniciaram operação. Na prática, será um salto de produção no pré-sal, que vai ganhar ainda mais importância nos negócios da empresa e no abastecimento interno. 
A virada, porém, poderia ter acontecido antes, não fosse a crise nos estaleiros nacionais e a transferência de parte das obras de construção desse conjunto de plataformas para a China. As embarcações foram projetadas em 2012, ainda num período de bonança na Petrobrás. Só agora, depois de muitas reviravoltas contratuais, elas vão começar a produzir. 
Em 2018, vão entrar em operação o navio-plataforma Cidade de Campos dos Goytacazes, a P-67, P-69, P-74, P-75, P-76 e P-68, segundo levantamento feito pela consultoria E&P Brasil, com exclusividade para o Estadão / Broadcast. De acordo com fontes, é possível que também a P-77, programada para 2019 e já com as obras adiantadas, seja antecipada e o número de instalações chegue a oito. 
Cada uma dessas plataformas tem capacidade para produzir 150 mil barris por dia de petróleo e 6 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural. Juntas, podem extrair, portanto, 1,2 milhão de barris por dia. Mas, para isso, têm que estar conectadas a todos os poços projetados – cinco produtores e outros cinco injetores de água, usados para aumentar a produtividade de cada poço. 
Produção. Esse processo vai acontecer aos poucos, segundo Luiz Carlos Cronemberg Mendes, gerente-executivo de Projetos de Desenvolvimento da Produção da Petrobrás. Um poço será instalado a cada três meses. Gradualmente, a produção será ampliada, até chegar a 800 mil barris por dia em 2019 e à capacidade máxima em 2020. Num segundo momento, quando esses poços entrarem na fase de esgotamento, mais 40 serão instalados para compensar perdas. “O desafio é grande, mas factível. Há dois anos havia um risco, por causa da crise. Hoje, esse risco não existe mais.” 
A fase de instalação de plataformas é bastante custosa e consome boa parte do caixa das petroleiras, destaca o especialista Carlos Rocha, da consultoria IHS Markit. “Não seria sustentável instalar tantas plataformas a cada ano. Isso só vai acontecer em 2018 porque vários fatores contribuíram para que elas entrassem em operação juntas”, diz. Além de construir e transportar a plataforma até um campo, a petroleira tem que criar uma infraestrutura submarina para conseguir transferir o petróleo do subsolo à unidade operacional. 
Pelas contas do IHS, cada poço perfurado custa cerca de US$ 90 milhões e o somatório dos dez a 11 poços de cada plataforma sai por quase US$ 1 bilhão à estatal. Há ainda outro custo bilionário com a compra de equipamentos e serviços de instalação submarina. Mas o gerente da estatal garante que a empresa tem fôlego financeiro para isso. 
Enquanto as plataformas eram produzidas, a Petrobrás já perfurava os poços e comprava os equipamentos, o que fez com que os gastos fossem diluídos ao longo de anos. De acordo com Mendes, todos os custos estão previstos no plano de negócios da empresa e não serão um sobrepeso nas contas da petroleira em 2018. 
Com isso, em dois anos, quando a produção tiver atingido o volume máximo, o Brasil deve se transformar “num exportador de óleo como nunca”, segundo Ramos, do IHS. 
Para lembrar. As plataformas que a Petrobrás vai colocar em operação este ano foram idealizadas, em 2012, num contexto de expansão da estatal, interrompida após a Operação Lava Jato e a queda do preço do petróleo no mercado internacional. 
O plano inicial era que o petróleo do pré-sal fosse transformado em combustíveis e produtos de alto valor agregado no Complexo Petroquímico do Estado do Rio de Janeiro (Comperj), na Refinaria Abreu e Lima e em outras duas refinarias da região Nordeste.
Das quatro, apenas a Abreu e Lima foi concluída, ainda assim, parcialmente. Como a Petrobrás não tem capacidade para processar todo o petróleo que vai ser extraído do pré-sal a partir do ano que vem, a expectativa é que seja exportado na forma bruta a outros mercados consumidores.