Renée Pereira, O Estado de S.Paulo
Aos 53 anos, Elisa Levenstein decidiu não se arriscar com a mudança de regras da Previdência e pediu sua aposentadoria no primeiro semestre do ano passado. Em junho, já havia recebido o primeiro pagamento, que hoje ajuda a bancar as contas de casa. Com 33 anos de contribuição e completado o fator 85 (soma da idade mais o tempo de contribuição), diz ter conseguido uma boa aposentadoria. Apesar disso, ela tinha outros planos. Queria continuar trabalhando e usar o dinheiro para investimento.
Mas, com a crise econômica, a empresa onde Elisa trabalhava teve problemas financeiros, atrasou salários e deixou de pagar o INSS. Com medo de esperar mais e perder a oportunidade de se aposentar, ela pagou o que faltava e entrou com o pedido. O processo foi rápido e o benefício saiu logo.
“Hoje estou sem emprego, mas penso em desenvolver alguns projetos para trabalhar na área de decoração ou com mercado acionário”, diz a advogada, que está fazendo um curso sobre os investimentos em bolsa. “Quem sabe não consigo assessorar outras pessoas”, diz ela, que teve o primeiro registro em carteira aos 14 anos.
Anésio Luis Christofoli, de 66 anos, começou com a mesma idade, mas não teve a mesma sorte de Elisa. No ano passado, depois de quase 29 anos de contribuição, ele pediu a aposentadoria. Mas o resultado foi frustrante: “Meu benefício foi de R$ 1.040,00, depois de anos contribuindo pelo teto máximo. Mas, como estou desempregado, aceitei”.
Por causa do baixo valor do benefício, Alda Trindade, de 53 anos, desistiu da aposentadoria. No início de 2017, entrou com o pedido, aprovado em agosto. Mas, como não conseguiu atingir o fator 85, o benefício ficou baixo e Alda desistiu. Por um ano, a diferença no benefício somou R$ 1 mil. “Decidi segurar até o fim deste semestre enquanto não mudam as regras da Previdência. Mas, se perceber que vão alterar, já tenho tudo pronto para retomar o processo.”