quarta-feira, 31 de janeiro de 2018

País supera pior momento do desemprego com setor informal


Agência de emprego da Secretaria Estadual do Trabalho, no centro do Rio. Foto Custodio Coimbra/Agência O Globo


Lucianne Carneiro, O Globo



Um novo triste recorde do desemprego foi divulgado nesta quarta-feira pelo IBGE: o ano de 2017 teve, em média, 13,23 milhões de pessoas sem emprego, com taxa de 12,7%. Em 2016, eram 11,76 milhões, em média, e taxa de 11,5%. Na crise, o número de desempregados quase dobrou, passando de 6,75 milhões em 2014 para 13,23 milhões em 2017 ou mais 6,5 milhões de pessoas. Há notícias que se salvam, já que os números foram melhorando ao longo do ano, desde que o desemprego atingiu seu pior momento, no primeiro trimestre — com taxa de 13,7% e 14,2 milhões de pessoas sem trabalho.

O retrato do mercado de trabalho, no entanto, ainda é cheio de contrastes e sem brilho. O total de desempregados vem caindo há três trimestres, só que ainda existem 12,3 milhões de pessoas sem trabalho. Para esses trabalhadores, pouco adianta por enquanto que o mercado de trabalho dê sinais de recuperação: eles ainda sentem no dia a dia a falta de emprego, de renda e de perspectivas.

Além disso, a melhora se concentra principalmente no setor informal. Ou seja, a maior parte dos que conseguiram se recolocar encontrou uma vaga sem a segurança maior garantida pela carteira de trabalho assinada.

Os trabalhadores por conta própria avançam há três trimestres, puxando a redução do desemprego, enquanto o emprego com carteira assinada — com mais direitos e de melhor qualidade — recua há onze trimestres seguidos, mesmo que o ritmo de queda esteja diminuindo. No quarto trimestre de 2017, a perda é de 2% frente ao quarto trimestre de 2016.

Assim, o número de pessoas empregadas voltou a reagir, mas a qualidade do emprego ainda é muito precária. O contingente de pessoas trabalhando em áreas mais ligadas à informalidade confirma isso. O número de trabalhadores no setor de alojamento e alimentação avançou para 5,140 milhões, enquanto o de empregados domésticos — que caiu em anos passados como sinal da qualidade do mercado — subiu para 6,127 milhões.

Os dados mais positivos que começam a aparecer dão um alento — como o fato de que a taxa de desemprego teve, no quarto trimestre, a primeira alta na comparação anual desde outubro de 2014 e que a renda média recebida pelo trabalhador ter 2,4% em 2017, frente a 2016, retomando o recorde histórico. Mas não se pode esquecer dos 12,3 milhões de desempregados que o país ainda tinha no fim de 2017. É preciso lembrar das pessoas que vivem sem salário e enfrentam todos os dias o drama de não ter um emprego.