Diego Padgurschi/Folhapress | |
Painel na Bolsa de Valores de SP, que bateu sucessivos recordes em 2018 |
Folha de São Paulo
Esta é a minha primeira coluna de 2018, um ano que deve enterrar de vez a maior recessão de nossas vidas. Se você sobreviveu até aqui, e fez sua lição de casa, ou melhor, fez sua lição de crise, tem motivo para se animar.
Os economistas preveem crescimento na casa dos 3%, a geração de emprego finalmente ganhará força, e teremos eleições gerais no fim do ano que podem (e devem) servir para o país se reencontrar com a política da melhor forma possível —na urna.
As dificuldades não são pequenas, mas os fundamentos para otimismo neste fim de janeiro estão aí. O clima extremado e conflituoso pode estar escondendo um momento bastante positivo. Pela primeira vez em muitos anos, todas as grandes economias do planeta (sim, todas) devem se expandir de forma sincronizada.
Mas, se ficarmos presos nesse flá-flu, achando que qualquer um que torça ou pense diferente é inimigo, podemos não perceber as coisas boas que estão por acontecer e com isso perder as coisas boas que estão por acontecer.
A Bolsa bate recordes, valorizando as companhias brasileiras. As previsões são de lucros crescentes das empresas, que gerarão mais empregos e também mais receita de impostos para investimentos sociais.
Tenho fé em Deus e tenho fé também nas mulheres e nos homens de meu país.
Quero crer que estamos aprendendo muito com tantos acontecimentos marcantes, mesmo que às vezes não pareça. O conhecimento tem caminhos curiosos na mente.
Aprendemos coisas antes de sabermos que as aprendemos. Toda a discussão das dificuldades fiscais e das contas da Previdência está expandindo a consciência geral.
O medo serve para aumentar a compreensão dos fatos e nos alertar, mas ele não pode nos paralisar.
Eu mesmo estou abrindo uma nova agência neste ano para posicionar empresas diante desse mundo novo de oportunidades exponenciais. Vamos parar de falar do futuro e começar a praticar o futuro.
O Brasil tem ilhas de excelência que não foram criadas de forma isolada, mas dentro do continente Brasil. Essas ilhas vão explicar ao mundo (e a nós mesmos) o país talentoso que somos.
Precisamos ter a coragem de não temer o futuro. Como Juscelino Kubitschek, que fomentou visão formadora do "soft power" brasileiro ao juntar Niemeyer, Lucio Costa e Burle Marx para construir Brasília enquanto a bossa nova cantava ao mundo o jeito encantador de ser e ver brasileiro. Pode-se criticar JK pela inflação, mas ele foi fabricando o futuro com destemor e alegria.
E temos que envolver a classe política nesse destemor renovador.
Eu tenho sentimentos ambíguos pela política. Quero entrar nela, mas o jogo é tão duro e tão diferente de mim que já recuei dessa vontade várias vezes na minha vida. Mas, se ela não é meu caminho, ela é o caminho.
É importante darmos um salto de qualidade na política. As eleições estão aí para isso —vamos encará-las como oportunidade, não ameaça.
Há muitas coisas a fazer, mas só as faremos com os políticos, os empresários, os trabalhadores, os artistas, os acadêmicos, os magistrados... Estamos todos no mesmo barco chamado Brasil.
É preciso que a sociedade se mobilize para não deixar que a nação parta para medidas extremas e caminhos sabidamente errados e perigosos. O papel de cada um deve ser exercido dentro das possibilidades da democracia.
Eu obviamente tenho meus momentos de dúvida e temor como todos nós. Mas aí olho para o meu filho, que está vibrando com as mudanças no país.
Vamos pegar 2018 em nossas mãos e fazer dele um ano de virada, um marco no destino de uma grande nação. Esse sonho grande ainda vive e deve ser perseguido. Não há sonho melhor.