O Globo
Reajuste do salário mínimo em 21 estados afetará 30% das lojas da varejista
CHICAGO - Os aumentos no salário mínimo nos Estados Unidos levarão o Walmart a ajustar a base salarial em algumas de suas 1.434 lojas, afetando cerca de 30% de suas filiais americanas, de acordo com um memorando interno ao qual a agência Reuters teve acesso. O documento, que foi enviado a gerentes de lojas no início deste mês, dá uma ideia do impacto da alta salarial em 21 estados a partir de 1º de janeiro.
Esses são ajustes que o Walmart e outras empregadoras têm de fazer todos os anos, mas uma atenção cada vez maior ao assunto elevou o escopo da mudança. Treze estados americanos subiram o salário mínimo em 2014, frente a dez que fizeram o mesmo em 2013 e oito, em 2012.
CUMPRINDO A LEI
Segundo a porta-voz do Walmart Brooke Buchanan, a empresa está fazendo mudanças “para garantir que suas lojas em 21 estados cumpram a lei”. Para o Walmart, maior empregador privado dos EUA, com 1,3 milhão de trabalhadores, as regras do salário mínimo não são uma bobagem. Seu modelo operacional é baseado em manter os custos sob estrito controle para atrair consumidores com preços baixos, operando com uma estreita margem de lucro. E nos últimos anos, a empresa tem lutado para elevar as vendas depois de muitos americanos de baixa renda perderem seus empregos ou sua fonte de receita durante a crise financeira.
O memorando do Walmart demonstra que haverá mudanças em sua estrutura de pagamento, inclusive uma diminuição entre o prêmio mínimo pago a profissionais de posição mais alta, como supervisores de departamento, frente às funções mais simples. O Walmart também vai unificar seus três menores níveis salariais, que incluem caixas, empurradores de carrinhos e manutenção, em uma só.
As alterações parecem ser um esforço para compensar a subida antecipada dos custos do trabalho, de acordo com um gerente, que não quis ser identificado e que estava implementando as mudanças em sua loja:
— A compressão salarial dos colaboradores horistas de nível superior vai ajudar a absorver o custo do aumento de salário no nível mais baixo.
CORREÇÃO DE ATÉ 17%
Os críticos do Walmart — incluindo um grupo de trabalhadores apoiados por sindicatos trabalhistas — dizem que a varejista paga muito pouco aos horistas, forçando-os a buscar auxílio do governo, o que leva a empresa a receber indiretamente subsídios do governo. Grupos trabalhistas têm pedido que o Walmart e outras varejistas e redes de fast-food paguem ao menos US$ 15 por hora.
A rede já havia indicado que fará mudanças em sua estrutura de pagamento em 2015. O diretor-presidente Doug McMillon recentemente disse que a empresa aumentaria as oportunidades para seus trabalhadores, inclusive retirando os quase seis mil trabalhadores que recebem o mínimo federal de US$ 7,25 por hora dessa faixa.
O aumento no salário mínimo varia de 17% em Dakota do Sul, para US$ 8,50, a 2%, para US$ 8,05, no Arizona. E também afetará muitos rivais do Walmart, como Target, além de redes de fast-food, como McDonald’s.