domingo, 28 de dezembro de 2014

Copenhague quer criar rede de estradas de 467 km só para bicicletas

Leandro Colon - UOL


Um símbolo para quem gosta de pedalar, Copenhague, capital da Dinamarca, tem uma meta ambiciosa: construir 467 km de estradas só para bicicletas, ligando a cidade a 21 municípios.

O projeto "Cycle Superhighways" é uma das prioridades da cidade neste ano. O objetivo é estimular a pedalada de quem viaja até a capital ou entre áreas vizinhas.
Bicicletas são usadas em 60% dos percursos menores que 5 km para quem trabalha ou estuda em Copenhague.

A média cai para 41% quando também se leva em conta o percurso até 20 km –isso porque apenas 20% dos que fazem viagens longas usam bicicleta.

Pesquisas apontaram que as pessoas estão dispostas a adotá-la como meio de transporte para distâncias maiores desde que se sintam seguras.

Folhapress
Ciclista na C95, um dos trechos já prontos da rede de estradas para bicicletas na Dinamarca; extensão será de 467 km
Ciclista na C95, um dos trechos já prontos da rede de estradas para bicicletas na Dinamarca


Com as "superciclovias", espera-se, no curto prazo, a adesão de mais 52 mil pessoas, atingindo meta de 50% de uso de bicicleta seja qual for o tamanho do percurso.

"Fizemos estradas e pontes por anos e anos para os carros, por que não construir especialmente para bicicletas?", diz Klaus Bondam, presidente de uma federação de ciclistas amadores da Dinamarca e ex-secretário de meio ambiente da capital.

O custo do projeto das "superciclovias" é estimado em R$ 380 milhões, divididos proporcionalmente entre as cidades envolvidas.

Segundo as autoridades, em 50 anos, haverá uma economia de R$ 3,2 bilhões com a redução do uso de outros tipos de transporte.

"Se você quer oferecer mobilidade, tem de transferir o tráfego dos carros para bicicletas. Não é porque amamos bicicletas, mas porque é uma forma eficiente de mobilidade", diz Andreas Rohl, chefe do departamento de mobilidade e espaço urbano de Copenhague.

O plano é ter 28 rotas das "Cycles Superhighways" em dez anos. Duas já estão funcionando: uma de 21,7km, a partir da cidade de Fureso, e outra saindo de Alberslund, com 17,5km. Outras nove devem ficar prontas até 2018.

A Folha visitou alguns trechos. As "superciclovias" ganharam o logotipo "C", tratamento dispensado a metrô (M) e trem (S).

É uma forma de criar um símbolo de identificação que nivela às estradas de bicicleta ao status de transporte público –a de Fureso, por exemplo, leva o nome de C95.

O percurso é iluminado, sinalizado com placas e disponibiliza bombas no meio do caminho para encher pneus.

Parte é paralela à rodovia dos veículos, mas parte tem rota própria. Há pontos próximos a estações de trem e metrô, para quem quiser mudar o meio de transporte.

"As rotas têm que ter algo especial para chamar a atenção dos ciclistas", diz Lone Andersen, ligado ao projeto.

SEM VAGA

Copenhague tem 400 km de ciclovias para 600 mil habitantes (sem somar zona metropolitana) –em São Paulo, são cerca de 200 km para quase 12 milhões de moradores.

Para usar o título –não oficial– de "melhor cidade do mundo para bicicletas", no entanto, a capital dinamarquesa sabe que precisa ainda superar um obstáculo: a falta de espaço disponível para estacioná-las.

As bicicletas fazem parte do cenário de suas ruas tanto pela tradição de pedalar como pela falta de lugar adequado para deixá-las.