No início do primeiro mandato de Dilma Rousseff, Lula enfiou dois olheiros nas salas vizinhas ao gabinete de sua pupila. Na Casa Civil, Antonio Palocci. Na Secretaria-Geral, Gilberto Carvalho. Reeleita, Dilma preferiu cercar-se de amigos.
A presidente expurgou do Planalto os últimos pares de olhos que a mantinham no campo de visão de Lula. Gilberto Carvalho, responsável pelo diálogo com sindicatos e movimentos sociais, será substituído por Miguel Rossetto.
Na Secretaria de Relações Institucionais, que cuida da articulação política, Dilma trocou Ricardo Berzoini pelo deputado Pepe Vargas. Os nomes de Rossetto e Pepe constam da lista de sete ministros divulgada nesta segunda-feira (29).
Ambos são do Rio Grande do Sul, Estado em que Dilma fez carreira. Integram uma corrente minoritária do PT, a DS (Democracia Socialista). Foram escolhidos à revelia do grupo liderado por Lula, o majoritário CNB (Construindo um Novo Brasil).
Embora não conste da nova lista, Aloizio Mercadante, hoje o petista mais próximo de Dilma, deve ser mantido na Casa Civil. Ali, depois que Palocci foi derrubado pela evolução patrimonial inexplicada, Dilma já havia fixado sua autoridade. Antes de Mercadante, nomeara a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Embora contrafeitos, dirigentes do PT minimizam a movimentação de Dilma. Alegam que Berzoini será “promovido” à pasta das Comunicações, que se transformará em plataforma de lançamento do projeto de controle da mídia.
De resto, argumentam que Dilma não seria louca de se distanciar de Lula. De fato, não faz sentido que, enfraquecida como está, a presidente hostilize gratuitamente seu principal aliado. Porém, a loucura tem razões que a sensatez desconhece.