terça-feira, 30 de dezembro de 2014

Covil da Dilma: Na trajetória do novo ministro dos Transportes, processos e ligação com o malufismo

O Globo

Antonio Carlos Rodrigues, ex-vereador de São Paulo, é um político polêmico



Antonio Carlos Rodrigues é o novo ministro dos Transportes - Ailton de Freitas


novo ministro dos Transportes, Antonio Carlos Rodrigues, ex-vereador de São Paulo, de 64 anos, é um político polêmico. Líder do Partido da República (PR), ele apoiou a reeleição de Dilma Rousseff, contrariando a maioria da sigla, que desejava o “Volta, Lula”. Rodrigues já foi investigado em 2012 pelo Ministério Público de São Paulo por suposto enriquecimento ilícito. Então vereador, ele foi intimado pelo Ministério Público a explicar por que tinha em sua casa R$ 360 mil, em dólares e reais, segundo declarou à Justiça Eleitoral.

Em setembro de 2012, Rodrigues declarou os motivos de ter tanto dinheiro no colchão. Disse que recebia, em média, R$ 560 mil por ano e que, por isso, poderia guardar na sua casa R$ 100 mil por ano. O Ministério Público não levou o inquérito adiante.

Em 1992, no início da gestão de Paulo Maluf como prefeito, ele presidiu a Empresa Metropolitana de Transportes Urbanos (Emtu), quando teve problemas com a Justiça. Foi condenado a devolver R$ 32,7 milhões aos cofres públicos em razão de contrato que assinou como presidente da Emtu. Em 2010, o Superior Tribunal de Justiça (STJ) aceitou recurso contra a decisão de segunda instância que o condenou.

A ligação com o malufismo continuou quando ele foi chefe de gabinete na então Secretaria das Administrações Regionais, de 1992 a 1996. Foi embalado no ninho malufista que Rodrigues, conhecido por Carlinhos, elegeu-se vereador de São Paulo pela primeira vez em 2001. Em 2004, foi reeleito como um dos dez mais votados. Em razão disso, foi eleito em 2007 presidente da Câmara de São Paulo, cargo que ocupou até o final de 2010. Foi presidente da Câmara por quatro vezes.

Nessa época, em 2008, a então vereadora Soninha Francine (PPS) propôs a instauração de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI), com o objetivo de apurar o suposto envolvimento do vereador Rodrigues na denúncia de tráfico de influência para manter em funcionamento uma casa de prostituição de luxo.

O nome do presidente da Câmara foi citado nas investigações de um esquema de fraudes no Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), desmontado durante a Operação Santa Teresa, da Polícia Federal.

Segundo reportagem do jornal “O Estado de S.Paulo” da época, interceptações telefônicas da Polícia Federal demonstraram a participação de fiscais da prefeitura, policiais civis e assessores políticos da Câmara municipal, que envolveram o nome do vereador Rodrigues em manobras que teriam permitido ao esquema manter aberto o prostíbulo.

As negociações ocorreram em março e abril de 2008. Fabiano Alonso, genro e homem de confiança de Rodrigues, teria dito ao lobista da organização criminosa, o coronel reformado da Polícia Militar Wilson Consani Júnior, que o presidente da Câmara o ajudaria a manter o local aberto. Apesar do problema, que teve repercussão em São Paulo, Rodrigues continuou a carreira e, em 2010, tornou-se o primeiro suplente da senadora Marta Suplicy (PT-SP).