sábado, 25 de março de 2023

Caso Moro: integrante do PCC usava e-mail ‘lulalivre’

Descoberta é da Polícia Federal, que conseguiu a quebra de sigilo telemático dos membros da facção criminosa

Lula debochou da tentativa de assassinato contra Moro | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil
Lula debochou da tentativa de assassinato contra Moro | Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

Um integrante do Primeiro Comando da Capital (PCC), que planejava assassinar o senador Sergio Moro (União-PR) e outras autoridades, usava o e-mail “lulalivre1063.icloud.com” para se comunicar com os comparsas — uma referência ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva. A informação foi divulgada pel’O Estado de S. Paulo e confirmada por Oeste.

O termo “Lula Livre” era utilizado por petistas na época em que o atual chefe do Executivo estava encarcerado na sede da Polícia Federal (PF), em Curitiba. Foi Moro, então juiz federal, quem o condenou à prisão. A sentença é resultado das investigações da Operação Lava Jato.

A juíza Gabriela Hardt, da 9ª Vara Federal de Curitiba, relata que integrantes da facção criminosa receberam informações de terceiros para a abertura de contas, cadastro de linhas telefônicas e registro de veículos.

A troca de número telefônico é comum entre os criminosos. Quando essa prática ocorre em períodos inferiores aos 15 dias previstos por lei, passa a ser chamada de “circuito fechado”. O objetivo da alteração do número telefônico é despistar investigações policiais. Janeferson Aparecido Mariano Gomes (Nefo), o principal organizador do plano que previa o assassinato de autoridades, trocou de número pelo menos nove vezes no período da investigação.

A quebra de sigilo telemático dos integrantes da facção criminosa deu início à operação da Polícia Federal (PF). A corporação prendeu nove bandidos.

Cooperação de testemunha

A PF conseguiu ter acesso às mensagens e às agendas telefônicas depois de uma testemunha protegida procurar o Ministério Público Federal (MPF) e revelar os planos do PCC. Essas informações levaram à instauração de um inquérito policial, que teria o objetivo de aprofundar a investigação.

Trocas de e-mail, mensagens de WhatsApp e telefonemas confirmaram a intenção dos criminosos de atacar o ex-juiz. Um núcleo específico do PCC, chamado Restrita, seria o responsável pela operação.

Uma das imagens divulgadas pela PF mostra Janeferson Aparecido Mariano Gomes, o Nefo, pedindo que Aline de Lima Paixão salve alguns códigos no celular dela. “Para não esquecer”, justificou o criminoso. “Flamengo” é o código para “sequestro”, “Fluminense” é o código para “ação”, “Tokyo” é o código para “Moro” e “México” é o código para “Mato Grosso do Sul”.

Outra imagem obtida pela PF mostra os integrantes da quadrilha. Trata-se de um print screen enviado por Nefo a Aline Paixão.

A investigação detalhou as despesas dos bandidos com material, viagens, veículos, combustíveis e aluguéis. Esses gastos ocorreram especificamente no Estado do Paraná — onde vive o ex-juiz da Lava Jato. Os criminosos alugaram apartamentos, casas e chácaras próximos à residência e ao escritório de advocacia da família de Moro. O dinheiro para financiar o atentado é do tráfico de drogas, de acordo com a investigação.

O leitor pode saber os detalhes da operação contra o PCC ao clicar neste link.

Sonho conjunto

Em artigo publicado na Edição 157 da Revista Oeste, Augusto Nunes escreve sobre a operação da PF. “Embora tivesse sido anunciada pelo próprio ministro da Justiça, é provável que Flávio Dino tenha esquecido de comunicar ao presidente a iminente ofensiva contra o Primeiro Comando da Capital”, escreveu. “Mobilizando 120 homens da lei em quatro Estados e no Distrito Federal, que sobraçavam mandados de busca e apreensão expedidos pela juíza Gabriela Hardt, a Polícia Federal impôs uma dura derrota ao PCC. Além da prisão de nove figurões da organização que lidera o ranking sul-americano do narcotráfico, o Brasil que presta pôde celebrar o confisco de manuscritos, planilhas e documentos que detalham um plano que escancara a insolência assassina do PCC.”

Abortada a poucos dias do início da execução, acrescenta Nunes, o plano se dividia em três etapas. “Na primeira, o chefão Marcola seria resgatado do presídio em Porto Velho”, relatou. “A segunda previa o sequestro e o assassinato do senador Sergio Moro, do promotor de Justiça Lincoln Gakyia e das famílias desses dois alvos prioritários. Outras autoridades estavam na mira dos matadores. A última etapa cobraria da Justiça a imediata concessão de privilégios que tornariam ainda mais agradável a vida na cadeia de que desfrutam meliantes de altíssima periculosidade.”

O assinante pode ler o artigo completo ao clicar neste link.

Edilson SalgueiroRevista Oeste