Piora no cenário internacional e incerteza local afastaram investidores
A aversão ao risco global e os ruídos domésticos reverteram o fluxo de capital estrangeiro na Bolsa de Valores de São Paulo (B3) nos últimos meses.
Em 2022 e em janeiro deste ano, os investidores não residentes foram o principal motor da performance positiva da bolsa brasileira. Em fevereiro, contudo, o saldo do grupo ficou negativo pela primeira vez desde setembro, e, em março, o volume de saídas tem sido ainda mais intenso.
Conforme os dados mais recentes divulgados pela bolsa brasileira, neste mês, até o dia 24, os estrangeiros sacaram R$ 3,5 bilhões no segmento secundário da bolsa. O resultado é mais que o dobro da retirada de fevereiro (R$ 1,7 bilhão).
Para efeito comparativo, em março do ano passado o fluxo de capital estrangeiro ficou positivo em R$ 21,3 bilhões, e o saldo no acumulado do primeiro trimestre de 2022 foi a entrada de R$ 65,3 bilhões. Já no acumulado deste ano, o saldo também é positivo, mas em volume muito menor, de R$ 7,3 bilhões, isso em razão do alto volume de aportes visto em janeiro.
Reflexo do cenário externo e interno
Os principais responsáveis pelo fluxo negativo são o cenário externo e a performance da B3. O índice norte-americano Nasdaq, formado principalmente por empresas do setor tecnológico, tem alta de quase 12% em 2023, enquanto o Ibovespa recua 8% no mesmo período.
Um movimento de aversão a risco global, que acontece desde o início do ano, em meio às altas de juros do Federal Reserve, Banco Central (BC) dos EUA, e de outras instituições financeiras, se intensificou nas últimas semanas, com a turbulência financeira internacional.
Aos fatores externos se somam, ainda, questões internas, que pioram o desempenho da bolsa brasileira ante outros índices de países emergentes. O nível elevado dos juros no Brasil; os atritos entre o governo e o BC; e a incerteza em torno do novo arcabouço fiscal compõem um ambiente adverso para a bolsa.
Revista Oeste