Auxiliar do ex-presidiário foi ao Complexo da Maré, no Rio de Janeiro, tranquilamente, sem escolta... Segundo a Polícia, ninguém entra ali sem consentimento dos traficantes
O deputado federal Alfredo Gaspar (União Brasil-AL) fez alguns questionamentos incômodos ao ministro da Justiça, Flávio Dino, nesta terça-feira, 28. Dino compareceu à Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) para prestar alguns esclarecimentos sobre a pasta.
Durante o depoimento do ministro, que durou mais de quatro horas, Gaspar questionou se Dino — que foi ao Complexo da Maré, no Rio de Janeiro (RJ), tranquilamente —, recomendaria aos policiais do RJ fazerem o mesmo “sem ser incomodados pelos traficantes”. “O senhor garante a vida deles naquela região, que o senhor disse que é de tanta paz?”, interpelou o deputado.
O parlamentar ainda perguntou se o ministro concordava com a ADPF 579, proposta pelo PT, com o “Instituto Anjos da Liberdade”. Trata-se de uma ação que, segundo o deputado, pedia pelo retorno das visitas íntimas aos chefes das facções criminosas nos presídios federais.
“Não conheço nenhuma entidade com esse nome de Instituto Anjos da Liberdade”, explicou Dino. “Não sei de onde saiu essa versão. Sobre a ação judicial, ela foi extinta pela Advocacia-Geral da União.”
Em tom irônico, Gaspar também interpelou se Dino usaria a mesma “macheza” que teve ao prender os suspeitos de depredar os prédios dos Três Poderes contra organizações criminosas. “Vai ser na bala, na borracha ou na força?”, continuou o deputado alagoano.
Por fim, o parlamentar perguntou sobre algumas políticas públicas da pasta. “Qual é o plano de desarmamento que o senhor vai fazer contra os grandes criminosos do Brasil?”, concluiu Alfredo. “E sobre o combate à corrupção, já que o senhor tem tantos colegas ‘lameados’? Quando o senhor foi governador do Maranhão, torrou mais de R$ 5 milhões em uma empresa que vendia maconha. Pretende fazer algo parecido como ministro de Estado?”
Dino respondeu: “Não sei de onde tiraram que não tinha escolta policial comigo no Complexo da Maré”, disse o ministro. “É empírico. Basta abrir o vídeo para ver os policiais me escoltando. O senhor me pergunta se tenho muita macheza. Se o senhor está interessado nesse assunto, eu não estou. Informo no seu olho: ‘Não tenho medo de ninguém, mas não sou justiceiro’.”
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