Em fevereiro, degradação da Amazônia Legal foi a maior de toda a série histórica para o mês
A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, disse que o desmatamento na Amazônia Legal no segundo mês do presidente Lula bateu recorde por um “ato de revanche”. A declaração foi dada na segunda-feira 27, depois de encontro com o assessor especial para o clima do governo norte-americano, John Kerry, que esteve no Brasil para discutir ações ambientais.
“Estão desmatando mesmo no período chuvoso. É uma espécie de revanche às ações que já estão sendo tomadas na ponta. E vamos continuar trabalhando, este é o nosso objetivo”, declarou Marina, a jornalistas. Sem dar detalhes, a ministra disse que houve o que foi identificado como uma “ação criminosa” e que o governo está se preparando para o enfrentamento.
Na sexta-feira 24, o Instituto de Pesquisas Espaciais (Inpe) divulgou dados parciais de fevereiro, que mostravam 209 quilômetros quadrados (km²) desmatados até o dia 17 de fevereiro — a maior marca para o mês em toda a série histórica, iniciada em 2015.
Mesmo com o recorde no seu segundo mês à frente do Ministério do Meio Ambiente, Marina criticou o governo passado. “Nós não somos como o governo anterior, os dados são transparentes. As pessoas têm acesso aos dados em tempo real, exatamente para que a gente possa atuar de acordo com a gravidade do problema.”
Os dados divulgados pelo Inpe utilizam a mesma metodologia adotada no governo de Jair Bolsonaro. O monitoramento das áreas é feito pelo Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter), que produz sinais diários de alteração na cobertura florestal para áreas maiores que 3 hectares (0,03 km²), alertando tanto para áreas totalmente desmatadas como para aquelas em processo de degradação, com extração ou queimadas.
Todas as sextas-feiras o Inpe disponibiliza os dados da semana anterior. Os números do mês de fevereiro serão fechados na próxima semana, em 3 de março.
A Amazônia Legal corresponde a 59% do território brasileiro, e engloba a área total de oito Estados (Acre, Amapá, Amazonas, Mato Grosso, Pará, Rondônia, Roraima e Tocantins) e parte do Maranhão.
Vejas as áreas sob alerta de desmatamento na Amazônia Legal em fevereiro, entre 2015 e 2023, conforme dados do Sistema de Detecção de Desmatamento em Tempo Real (Deter) do Inpe:
- 2016 — 115 km²
- 2017 — 101 km²
- 2018 — 146 km²
- 2019 — 138 km²
- 2020 — 186 km²
- 2021 — 123 km²
- 2022 — 199 km²
- 2023 — 209 km² (até 17/2)
Leia também: A verdade incendiada, reportagem de Edilson Salgueiro, publicada na Edição 130 de Oeste.
Revista Oeste