segunda-feira, 23 de janeiro de 2023

'Argentina quer uma moeda comum porque não tem uma moeda’, diz o economista Rogério Mori

 Os próprios argentinos não têm confiança no peso

O economista Rogério Mori participou do <b>Oeste Sem Filtro</b> nesta segunda-feira | Foto: Reprodução/Rumble
O economista Rogério Mori participou do Oeste Sem Filtro nesta segunda-feira | Foto: Reprodução/Rumble

A Argentina quer uma moeda comum entre os países do Mercosul porque não tem uma moeda, afirmou, nesta segunda-feira, 23, no programa Oeste Sem Filtro, o economista Rogério Mori. Segundo o especialista, os próprios argentinos não têm confiança no peso.

“Não há como imaginar algo que possa ser desenhado nessa direção”, disse Mori, referindo-se à ideia apresentada pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva. “A Argentina deseja essa moeda, na verdade, porque não tem uma moeda. Os argentinos não acreditam mais na própria moeda. Eles aceitam qualquer uma, menos o peso.”

O especialista acredita que não existem “condições mínimas” para a proposta avançar. “É necessário que haja um alinhamento de política econômica entre os países, níveis de inflação iguais, regras fiscais comuns”, observou. “É necessário ter todo um conjunto de regras e de livre trânsito de fatores, como mão de obra e capital. Isso é um processo que leva décadas. Não é algo que se faça em seis meses.”

Atualmente, diz Mori, a Argentina não tem regra fiscal e convive com um processo inflacionário “altíssimo” — aproximadamente 100% ao ano. O Brasil teria condições econômicas menos preocupantes, segundo o especialista. “A inflação deles continua acima da verificada em outros países. Isso fez com que a Argentina perdesse competitividade e tivesse uma crise cambial”, constatou.

O economista argumenta que o euro, usado pelos Estados da União Europeia, não pode servir de exemplo. “Todos os países que usam essa moeda estão muito próximos economicamente, com regras fiscais e relação dívida-PIB muito parecidas”, observou. “Mas isso não existe entre o Brasil e a Argentina. Todas essas questões são prévias. Seria necessário criar um Banco Central independente, para definir as políticas monetárias da nova moeda.”

Revista Oeste