terça-feira, 1 de outubro de 2019

Vitória de Warren seria 'um saco' para o Facebook, diz Zuckerberg em áudio vazado

WASHINGTON -
O CEO e fundador do Facebook, Mark Zuckerberg, disse aos funcionários que a empresa "lutaria com unhas e dentes" para derrotar a proposta da pré-candidata democrata Elizabeth Warren de dividir a maior rede social do mundo caso ela seja eleita presidente dos EUA. 
A fala do executivo foi dada em julho durante duas reuniões internas da empresa e divulgada nesta terça-feira (1º) pelo site The Verge. 
"Se ela (Warren) for eleita presidente, eu aposto que teríamos uma contestação jurídica e que venceríamos. E isso seria um saco para nós? Sim. Eu não quero abrir um processo enorme contra nosso próprio governo", afirmou o executivo, segundo o áudio publicado pelo site.
Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, durante sua visita ao Congresso americano em setembro
Mark Zuckerberg, CEO do Facebook, durante visita ao Congresso americano em setembro 
Brendan Smialowski - 19.set.19/AFP
Warren pediu em março a divisão da Amazon, do Facebook e da Alphabet (dona do Google). Nesta terça, ela usou uma rede social para comentar o caso. 
"O que realmente seria um saco é se não consertarmos um sistema corrupto que permite que empresas gigantes como o Facebook se envolvam em práticas anticoncorrenciais ilegais e prejudiquem os direitos à privacidade do consumidor", escreveu Warren, uma das favoritas na disputa democrata. 
No áudio, Zuckerberg disse que a divisão de grandes empresas de tecnologia tornaria a interferência eleitoral "mais provável, porque agora as empresas não podem trabalhar de forma coordenada e conjunta".
Ele também provocou gargalhadas ao dizer que o investimento do Facebook em segurança é maior do que toda a receita do Twitter.
O executivo divulgou uma declaração em sua página no Facebook, com um link para a transcrição, embora tenha dito que ela deveria ter sido interna.
"Vocês podem conferir se estiverem interessados em uma versão sem filtros do que penso e digo aos funcionários", escreveu ele no post.
A Comissão Federal de Comércio (FTC, na sigla em inglês) dos Estados Unidos realiza uma investigação  antitruste contra o Facebook. Além disso, um grupo de procuradores estaduais, liderados por Nova York, também está investigando a empresa.
Outros pré-candidatos presidenciais democratas também já criticaram a empresa de Zuckerberg.
O senador Bernie Sanders disse que gostaria de dividir Facebook, Google e Amazon, enquanto a senadora Kamala Harris disse que um desmembramento deveria ser "seriamente" considerado.
A senadora Amy Klobuchar, uma das legisladoras que introduziu uma lei que forçaria o Facebook a divulgar compradores de anúncios na plataforma, anunciou sua campanha com um discurso em que criticava as principais empresas de tecnologia.
Outro executivo sênior do Facebook disse à agência Reuters neste mês que a empresa está confiante de que conseguiria frustrar um esforço para desmembrá-la.
Com mais de 2 bilhões de usuários mensais, o Facebook está sendo investigado por órgãos reguladores de todo o mundo por causa de suas práticas de compartilhamento de dados.
A empresa também foi atacada por não impedir a interferência russa nas eleições presidenciais dos EUA em 2016.
O presidente dos EUA, Donald Trump, e outros republicanos criticaram as plataformas de mídia social por suposta parcialidade contra os conservadores, o que foi negado pelas empresas.
No mês passado, Zuckerberg esteve no Capitólio pela primeira vez desde que testemunhou perante o Congresso dos EUA em abril de 2018. Na visita, encontrou-se com Trump e com membros do Congresso.
No áudio vazado, ele explicou por que recusou pedidos para testemunhar publicamente perante legisladores de todo o mundo, incluindo o Senado dos EUA.
"Realmente não faz sentido eu ir a audiências em todos os países que querem que eu apareça", disse ele aos funcionários.
 
Tradução de AGFox

David Shepardson e Elizabeth Culliford, Reuters