Aos 72 anos de idade, Arnold Schwarzenegger pode ser um Exterminador do Futuro grisalho e com rugas, mas ainda bem capaz de fazer cenas de ação. Em entrevista ao Estado, ele falou sobre a preparação para viver o personagem mais uma vez.
O ator Diego Boneta disse que ficou impressionado
ao vê-lo treinando novamente logo depois de uma
cirurgia cardíaca. Ela não mudou nada para você?
Não. Fiz em março, e o trabalho começava em julho. Então, tive tempo de me recuperar. Foi uma daquelas coisas lamentáveis em que você vai fazer um pequeno procedimento e acorda 18 horas depois com uma cicatriz no peito. Mas acontece. Eu queria voltar ao meu programa o mais rapidamente possível, e ter um objetivo foi muito útil. Então, já no hospital eu estabeleci metas: primeiro dar três voltas nos corredores, depois cinco, seis e assim por diante. A única coisa é que todo o mundo ficava me perguntando sobre a cronologia do filme, como se encaixava com os outros.
Mas ninguém ficou preocupado?
Não. Quando liguei para o diretor Tim Miller e para Jim Cameron depois da cirurgia, eles perguntaram: De 0 a 10, como se sente? E eu respondi 5. Ouvi o Jim falando para o Tim, então significa 8. Porque ele sabe que eu sou duro comigo mesmo. Eles ficaram felizes. Quando cheguei ao set e começamos a ensaiar, eu pude fazer tudo o que me foi pedido.
Você disse que as pessoas ficavam perguntando sobre
a linha do tempo do filme. Não é difícil guardar segredo?
Não, porque fui instruído. No primeiro e no segundo filmes, era mais fácil fazer publicidade, dava para dizer o que queria. Mas agora os fãs são muito sofisticados e adivinham tudo antes do tempo. Tudo o que você diz acaba virando uma pista. O estúdio e Jim Cameron acham que as pessoas não querem, na verdade, saber. O maior erro no filme anterior em relação a esse foi revelar que John Connor se tornava um vilão. Agora, acho que aprenderam com aquele erro.
O primeiro Exterminador do Futuro saiu nos anos 1980.
Como acha que a série fala aos dias de hoje?
Bem, muita coisa que era considerada ficção científica tornou-se realidade. Isso que é incrível no trabalho de James Cameron, ele sabia, na época, o caminho que o mundo ia tomar. É incrível ver o progresso tecnológico. A única coisa que falta é os computadores tornarem-se autoconscientes e começarem a comunicar-se uns com os outros.
Como se sente em relação a isso?
Estamos chegando lá. E é perigoso. Como sabemos, sempre há uma maneira de usar para o bem ou para o mal. Então, temos de ter cuidado para não usar para o mal.
Mariane Morisawa, O Estado de São Paulo