terça-feira, 22 de outubro de 2019

Otimismo nas alturas!!! Bolsa vai a 107 mil pontos e renova recorde com votação da Previdência

Pelo segundo pregão seguido, a Bolsa brasileira atingiu uma nova máxima histórica nominal. O Ibovespa, maior índice acionário do país, subiu 1,3%, a 107.381 pontos, patamar inédito, nesta terça-feira (22). 
O dólar acompanhou e recuou 1,35%, a R$ 4,076, menor patamar desde 4 de outubro. Dentre as moedas emergentes, o real teve o melhor desempenho da sessão.
Gráfico das recentes flutuações dos índices de mercado no pregão da Bolsa de Valores de Sao Paulo
Bolsa volta a bater recorde e chega a 107 mil pontos - Diego Padgurschi / Folhapress
​O bom humor do mercado se deve a votação, e provável aprovação, da reforma da Previdência em segundo turno no Senado, o último passo do projeto no Congresso.
O volume negociado na Bolsa, inclusive, superou a média diária, com giro de R$ 18,4 bilhões.
Também contribuiu o cenário externo positivo, com uma maior probabilidade de acordo para o brexit e com a melhora na guerra comercial entre China e Estados Unidos.
O mercado doméstico se anima ainda com a expectativa da Selic a 4,75% ainda este ano, reforçada pelo IPCA-15 (Índice de Preços ao Consumidor Amplo-15, prévia da inflação oficial) fraco em outubro. Alguns analistas chegam a prever a taxa abaixo de 4% ao final do ciclo de cortes promovidos pelo Banco Central, cuja próxima decisão será na quarta-feira que vem (30).
Também há grande expectativa os balanços do terceiro trimestre, que começam a ser divulgados nesta semana. Nesta quinta (24), Vale e Petrobras divulgam seus resultados.​
Investidores veem com bons olhos a antecipação do calendário de liberação do FGTS e a urgência do presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), na tramitação da reforma administrativa e da PEC que antecipa medidas de corte despesas.
Somando os pregões desta segunda (21) e terça (22), a semana já é a mais positiva para a Bolsa desde agosto, quando o índice retomou o patamar dos 100 mil pontos. 
No entanto, das últimas vezes que bateu recorde, a Bolsa não sustentou os patamares. Depois de chegar a 105 mil pontos, o Ibovespa mergulhou aos 96 mil pontos. 
“Agora resta saber se a Bolsa consegue manter esse patamar por mais tempo. Por enquanto, o mundo mais calmo está nos ajudando”, afirma Rodrigo Franchini, sócio e head de produtos da Monte Bravo.
Apesar do bom momento, os estrangeiros continuam saindo do mercado acionário brasileiro. Até 18 de outubro, o saldo deste mês de investimentos estrangeiros na Bolsa está negativo em R$ 11,5 bilhões, o pior desempenho mensal desde 2008.
No acumulado de 2019, a saída de estrangeiros, considerando IPO e follow-on, é de R$ 5,4 bilhões.
Para Franchini, o recorde desta terça é fruto do investidor doméstico, que tem ampliado sua participação na renda variável com os juros baixos. Os estrangeiros continuam 'tímidos'.
“Não vamos ter uma enxurrada de dinheiro com a reforma da Previdência. No mundo, o clima ainda não está para ativos de risco [como os emergentes]. Para voltar com força ao Brasil, o estrangeiro vai esperar uma melhora do cenário externo, da guerra comercial. Além disso, estamos longe do grau de investimento”, afirma o economista.
Segundo a avaliação das agências de risco Moody's, Standard & Poor's e Fitch, o país ainda está dois degraus abaixo do nível para investimento.

Júlia Moura, Folha de São Paulo