segunda-feira, 1 de julho de 2019

PF indicia assessor do ministro do Turismo em caso de candidaturas laranjas

Justiça Eleitoral em Minas Gerais colocou em liberdade nesta segunda-feira, 1.º, o assessor especial do ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, e dois coordenadores da campanha de 2018, quando ele concorreu a vaga na Câmara dos Deputados. Mateus von Rondon, o assessor especial, e Roberto Soares e Haissander Souza, que haviam sido presos, também foram indiciados pela Polícia Federal por falsidade ideológica, uso indevido de verba e associação criminosa, com pena máxima de nove anos e três meses de prisão, no total. 
Marcelo Álvaro Antônio
Marcelo Álvaro Antônio, ministro do Turismo Foto: Jake Spring/Reuters
As prisões ocorreram na segunda fase da Operação Sufrágio Ostentação, que apura um suposto esquema de candidatas-laranjas nas eleições de 2018 com o objetivo de acessar fundos eleitorais destinados exclusivamente a campanha de mulheres. À época, Álvaro Antônio presidia o partido no Estado.
Nesta segunda-feira, a PF também indiciou as quatro mulheres apontadas como candidatas-laranja do PSL nas eleições de 2018. Em depoimentos ao longo das investigações, todas permaneceram em silêncio. O indiciamento foi por falsidade ideológica, aplicação irregular de verba e associação criminosa. O inquérito será agora enviado para o Ministério Público, para apresentação, ou não, de denúncia.
O esquema foi denunciado pelo jornal Folha de S. Paulo. Conforme as investigações da Polícia Federal, o partido, que à época tinha como presidente em Minas Gerais o atual ministro do TurismoMarcelo Álvaro Antonio, utilizou candidatas em disputas de fachada para acessar recursos de fundo eleitoral exclusivo para mulheres. As ex-candidatas indiciadas são Naftali de Oliveira Neres, Débora Gomes da Silveira, Camila Fernandes Rosa e Lilian Bernardino de Almeida. O total de votos recebido pelas quatro foi próximo de 2.100.
ministro do Turismo nega qualquer participação no esquema. A reportagem entrou em contato com o diretório do PSL em Minas e aguarda retorno. Nas investigações, ficou comprovado, entre outros pontos, que uma gráfica utilizada no suposto esquema já não funcionava dois anos antes das eleições. A Polícia Federal apurou ainda que a empresa pertencia a um irmão de Roberto Soares.

Segundo a Polícia Federal, a relação custo por voto entre as mulheres que teriam sido usadas como laranjas no esquema era maior que a registrada entre candidatos que venceram as eleições. O custo médio entre os que venceram era de R$ 10 por voto, enquanto o das candidatas do PSL era de R$ 300. As penas máximas para os três crimes são de 9 anos e três meses de prisão. O Ministério Público de Minas Gerais também investiga o suposto esquema de desvio de recursos do fundo eleitoral. 

Leonardo Augusto, especial para O Estado, O Estado de S.Paulo