A Petrobrás mantém o objetivo de vender sua participação na Braskem, mesmo após a empresa holandesa LyondellBasell ter anunciado que não vai mais comprar a fatia da Odebrecht na companhia petroquímica. Segundo o presidente da estatal, Roberto Castello Branco, não há justificativa para a Petrobrás manter a posição de sócia-investidora no negócio.
"A Braskem é um investimento financeiro que não faz sentido", afirmou, após participar de evento promovido pelo grupo de líderes empresariais Lide Rio de Janeiro.
Em sua palestra, Castello Branco chegou a afirmar que está em estudo a adoção de uma estratégia de negócios em que refino e petroquímica se fundiriam. Questionado, ao fim do evento, se com esse plano valeria à pena manter a presença na Braskem, o executivo disse que "uma coisa não tem nada a ver com a outra" e que os estudos relativos à união dos dois segmentos ainda são preliminares.
O segmento petroquímico perdeu importância dentro da empresa, nos últimos anos, quando a área teve o orçamento reduzido. A petroleira passou a concentrar esforços em extrair petróleo e gás no pré-sal.
Bacia de Campos
A Petrobrás vai investir US$ 21 bilhões na revitalização da Bacia de Campos, segundo o presidente da empresa, Roberto Castello Branco. Ele informou ainda que a petroleira gastou US$ 4 bilhões em obras no Complexo Petroquímico do Rio de Janeiro (Comperj), em gasodutos e em uma unidade de gás natural. Com as obras, o número de empregos gerados no município de Itaboraí, onde funciona o Comperj, deve chegar a 7,5 mil.
A formação de uma sociedade com a chinesa CNPC continua em estudo, que deve ser concluído até setembro. Porém, destacou Castello Branco, o movimento da companhia atualmente é de venda de refinarias.
Gás natural
O presidente da Petrobrás, Roberto Castello Branco, informou nesta segunda-feira que a empresa deve divulgar até o fim do mês ou início de agosto o teaser de venda de mais quatro refinarias das quais vai se desfazer. A intenção é vender 50% da capacidade instalada de refino, o que deve acontecer no prazo de 18 a 24 meses.
Na semana passada, a petroleira divulgou o teaser de venda das primeiras quatro refinarias. "Existem interessados potenciais nas refinarias. Vamos ter empresas se manifestando. Nunca anunciei metas, quem vai dizer o preço é o mercado, não a Petrobrás. Sabemos que as grandes petroleiras desinvestiram em refino", avaliou.
Em palestra em evento promovido pelo Lide Rio de Janeiro, o executivo disse ainda que pretende sair das distribuidoras de gás natural das quais participa, cerca de 20, e devolver a concessão de distribuição de gás no Uruguai. Além disso, não quer mais participar do segmento de transporte de gás.
"Estamos decididos a sair completamente do transporte e distribuição de gás natural", enfatizou. O presidente da Petrobrás ainda afirmou que a estatal vai participar "com entusiasmo" do leilão de áreas excedentes da cessão onerosa, no fim do ano.
Fernanda Nunes, O Estado de S.Paulo