— O mercado está acompanhando a tendência global, que tem pregão de recuperação. Existe uma expectativa de que haja injeção de liquidez por parte dos bancos centrais, mas o movimento de hoje parece ser mesmo de correção de preços. Enquanto o mercado não entender melhor as implicações do Brexit, vamos vivenciar um período de grande volatilidade — afirmou Ricardo Zeno, sócio-diretor da AZ Investimentos.
O dólar aprofundou a baixa depois da fala do novo presidente do BC, Ilan Goldfajn, que disse que o BC fará o que for preciso para alcançar o centro da meta no ano que vem. Ele classificou a meta de de “ambiciosa e crível ao mesmo tempo”.
— Temos condições de atingir o centro da meta em 2017. Muito se falou em metas ajustadas. Já nao parece ser esse caso o momento — observou.
No mercado de juros, os investidores já repercutiam pela manhã o Relatório Trimestral de Inflação (RTI), divulgado nesta terça-feira pelo BC. A interpretação dos analistas é que, ao afirmar que “decisões futuras de política monetária serão tomadas, com vistas a assegurar a convergência da inflação para a meta de 4,5%” no fim do ano que vem, o BC indicou que está longe de reduzir a taxa básica de juros, a Selic, hoje em 14,25% ao ano.
O contrato DI com vencimento em janeiro de 2017 sobe de 13,65% para 13,78% — o número reflete a expectativa dos investidores sobre o nível da Selic naquele período. Se o BC vai manter os juros mais apertados por mais tempo, os investidores acreditam que, no longo prazo, há mais espaço para a taxa cair. Por isso o DI que vencerá em janeiro de 2023 cai de 12,41% para 12,38%.
“No geral, o RTI foi mais 'hawkish' (no jorgão do mercado, posicionamento mais austero com relação aos juros) do que se esperava tanto por causa a trajetória da inflação projetada não foi particularmente amigável (...) e também porque o BC ainda está determinado a levar a inflação para o centro da meta no fim de 2017", escreveu Alberto Ramos , economista-chefe para mercados emergentes no banco Goldman Sachs. "Assim, a probabilidade de haver corte de juros na reunião de julho é virtualmente zero, e grande parte da probabilidade de corte em agosto mudou agora para agosto ou depois.”
COMMODITIES AJUDA BOVESPA
No mercado acionário, puxa a alta do Ibovespa o desempenho das empresas ligadas a commodities, favorecidas pela recuperação do preço dos produtos básicos no mercado internacional, que se corrigem depois do tombo com o Brexit. A Petrobras PN avança 4,89% (R$ 9,21), enquanto a ON tem alta de 4,90% (R$ 11,32), com o ganho de 1,22% no barril do tipo Brent, a US$ 48,39. A Vale ON avança 5,54%, a R$ 15,62, e a PNA valoriza-se em 4,33%, valendo R$ 12,50, depois de o minério de ferro ter saltado 6,42% na segunda-feira, a US$ 53,86 a tonelada.
Entre os bancos, o Itaú Unibanco PN sobe 1,82% (R$ 28,48), e o Bradesco PN tem alta de 1,67%, por R$ 24,26. O Banco do Brasil ON sobe 2,49%, a R$ 16,03.
A Ambev sobe 0,96%, valendo R$ 18,88.