Mas a limpeza dos esqueletos dentro da companhia ainda pode estar longe do fim. Essa incógnita envolve os projetos polêmicos feitos pela companhia, que foram alvo de pagamento de propina por parte das construtoras. Um dos casos é o Comperj, em Itaboraí, no Rio de Janeiro. Como a estatal ainda tenta concluir as obras do empreendimento, paralisadas após o escândalo de corrupção vir a público, o projeto registrou perdas, contabilizadas como impairment, de R$ 167 milhões no ano passado. Em 2016, a estatal já havia reconhecido perdas de R$ 1,315 bilhão.
Outro projeto envolve as perdas da Refinaria Abreu e Lima (Rnest). Como a construção da segunda unidade de refino foi postergada pela companhia, a estatal reconheceu perdas por desvalorização de R$ 1,507 bilhão. Uma dessas premissas, como bem diz a estatal em seus documentos anexados à Comissão de Valores Mobiliários, envolve o orçamento da companhia, afetada pelo aumento da dívida nos últimos anos. Em 2016, a perda já havia chegado a outros R$ 2,531 bilhões.
O resultado da companhia poderia ainda ter sido melhor se a Petrobras não tivesse sofrido com o atraso no programa de desinvestimentos e de busca por parcerias estratégicas. Ao longo do ano passado, a estatal teve de reiniciar o processo de venda de ativos para se desfazer de campos terrestres, marítimos e subsidiárias como a própria BR Distribuidora.
Agora, a estatal se vê em torno de novos estudos para vender a Liquigás, cuja venda para o Grupo Ultra foi vetada pelo Cade, responsável pela concorrência no Brasil.
Embora Pedro Parente, presidente da Petrobras, venha acelerando as iniciativas para ajustar o balanço da companhia, a percepção é que a limpeza ainda está longe do fim, assim como a redução do endividamento, que, apesar de estar caindo, ainda está em US$ 109,3 bilhões, uma das maiores do mundo entre as petroleiras.