segunda-feira, 12 de março de 2018

Prestes a ser preso, Oskar Gröning, 'contador de Auschwitz', morre aos 96 anos


Oskar Groening chega a seu julgamento em Lueneburg, na Alemanha - Markus Schreiber / AP


Com O Globo e agências Internacionais



BERLIM — Ex-contador do campo de extermínio de Auschwitz e sargento da polícia nazista, Oskar Gröning morreu num hospital na sexta-feira, revelou a imprensa alemã. Meses antes, ele foi declarado apto para cumprir a condenação de quatro anos de prisão por cumplicidade no Holocausto, apesar da idade de 96 anos.


A causa da morte não foi revelada. Um porta-voz da promotoria de Hannover relatou dispor de uma carta de seu advogado, na qual anuncia o falecimento de Gröning, condenado a quatro anos de prisão em 2015.

Em 2017, a Procuradoria rejeitou um pedido da defesa para comutar a pena por uma condenação com suspensão condicional, anunciou Kathrin Söfker, porta-voz do MP de Hannover. A decisão foi tomada depois que Gröning passou por exames médicos.

"O médico concluiu que a detenção é factível, caso sejam cumpridas determinadas condições", explicou Söfker.

Gröning tentou apelar em janeiro contra o cumprimento da pena, mas perdeu a disputa por não provar que não estava em condições frágeis o suficiente para evitar a aplicação da sentença.

Em 2015, Gröning foi condenado a quatro anos de prisão por "cumplicidade" no assassinato de 300 mil judeus. Durante o julgamento, ele pediu desculpas e reconheceu uma "falha moral". O advogado do ex-sargento da SS, exército do governo nazista, confirmou que seu cliente teve sua senteça ratificada pela corte federal por ter sido um "acessório" na morte.

ACESSÓRIO NAS MORTES

Foi a primeira vez que um recurso negado confirmou uma sentença determinada sob a lógica de que simplesmente ter servido em um campo de extermínio e ajudado o sistema a funcionar era fato suficiente para condenar alguém pelas mortes ali cometidas.
Groening ficou conhecido como o "contador de Auschwitz" por ter tido a função de documentar e confiscar os pertences das vítimas que chegavam ao campo — contando moedas de vários países europeus, por exemplo, que ajudaram a financiar as atividades nazistas.

Nos últimos anos, vários ex-nazistas foram julgados por fatos similares na Alemanha, ilustrando o maior rigor da justiça alemã com os crimes, após anos de relativa indulgência.

Quase 1,1 milhão de pessoas, incluindo um milhão de judeus, morreram no campo de Auschwitz-Birkenau entre 1940 e 1945.

Reinhold Hanning espera pelo início do julgamento em Detmold, na Alemanha - POOL / REUTERS