segunda-feira, 12 de março de 2018

Governo composto por grande coalizão é formado na Alemanha


Angela Merkel assina acordo de coalizão com mebros do SPD e CSU - TOBIAS SCHWARZ / AFP


Reuters


BERLIM — A chanceler alemã Angela Merkel e seus parceiros encontraram-se nesta segunda-feira para assinar o acordo da nova "grande coalizão" do governo e admitiram que a atitude era politicamente necessária, não um "caso de amor". Em uma coletiva de imprensa antes de assinar o acordo com os líderes do partido CSU e dos sociais-democratas do SPD, Merkel foi perguntada se os rostos severos eram devidos à nova coalizão.


— Também posso parecer amigável — disse Merkel sorrindo. Ela acrescentou que a "grande coalizão", sua terceira, enfrenta diversos desafios mundiais, incluindo uma nova levada de sanções tarifárias planejada pelos EUA.

— Precisamos da Europa, uma Europa que compartilhe os mesmos valores e aja em conjunto para lidar com vários dos grandes problemas da humanidade, começando com a proteção do meio ambiente até um comércio justo e a luta das causas migratórias — afirmou.

Merkel, entrando em seu quarto mandato como chanceler, pediu rápidas providências para superar diferenças entre membros da União Europeia em um orçamento de investimento comum. Ela afirmou que iria viajar à Paris em breve para negociar com o presidente Emmanuel Macron sobre suas propostas de reforma para a zona do euro.

O novo governo será empossado na quarta-feira, depois de quase seis meses de indecisão política seguindo a eleição que resultou em um parlamento fragmentado. O líder do SPD, Olaf Scholz, que liderará o Ministério das Finanças, afirmou que "a coalizão não é um caso de amor", mas que os partidos irão trabalhar juntos.

— Em um mundo que tem se dificultado cada vez mais, é essencial que os europeus fiquem juntos, encontrando e desenvolvendo meios de tomar conta do próprio futuro — afirmou.

Ainda que os três partidos da grande coalizão tenham assinado o acordo, tensões surgem tanto entre conservadores e o SPD sobre temas que vão do combate à pobreza até publicidade sobre aborto. Annegret Kramp-Karrenbauer, a nova secretária-geral do partido de Merkel, a União Democrata-Cristã (CDU), nesta segunda-feira repreendeu um membro do partido, Jens Spahn, o novo ministro da Saúde, por comentários sobre a pobreza que desencadearam indignação dos líderes do SPD.

Spahn afirmou ao jornal Berliner Morgenpost que beneficiários de ajuda social para desempregados não são pobres, porque suas necessidades são supridas. Kramp-Karrenbauer, no entanto, disse que políticos com altos salários não deviam mostrar presunção sobre o sofrimento daqueles que dependem de ajuda financeira pública. Spahn pertence à ala direita do CDU, enquanto Kramp-Karrenbauer é um centrista no molde de Merkel. Ambos são vistos como seu possível sucessor.

Merkel foi obrigada a negociar um acordo com o SPD após a falha de suas tentativas em formar uma aliança com dois partidos menores.

Ambos os principais blocos políticos sofreram os piores resultados nas eleições desde o fim da Segunda Guerra. Frustração sobre o fluxo de mais de um milhão de migrantes desde 2015 fez crescer o partido de extrema-direita Alternativa para a Alemanha (AfD), que vai ter representantes no parlamento. O líder do AfD, Alexander Gauland, disse que seu partido já está mudando a política alemã.

— Spahn não teria se tornado ministro se suas opiniões não ressoassem na CDU. E esta nova visão é graças ao fato de que a AfD tem um ótimo resultado nas eleições — disse ele, acrescentando que as eleições fizeram Merkel ouvir as reivindicações de seu partido.