O Estado de S.Paulo
A empresa BRF, dona das marcas Sadia e Perdigão, volta ao centro das atenções com a Polícia Federal (PF) deflagrando a terceira fase da Operação Carne Fraca, batizada de Trapaça, tendo a empresa como um de seus alvos. Por volta das 10h30, BRF ON recuava 11,77%, a R$ 27,20, enquanto o Ibovespa subia 0,44%, a 85.382 pontos. No setor, Marfrig ON cedia 1,42% e JBS ON perdia 3,10%.
A nova operação mira fraudes laboratoriais perante o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento. Entre os executivos presos temporariamente nessa nova fase das investigações estão o ex-presidente da BRF Pedro de Andrade Faria, que ficou à frente do conglomerado de 2015 a dezembro do ano passado, e o ex-diretor-vice-presidente da BRF, Hélio Rubens Mendes dos Santos.
Operação Trapaça. A operação batizada de Trapaça aponta que cinco laboratórios credenciados junto a Agricultura e setores de análises do grupo BRF fraudavam resultados de exames em amostras de seu processo industrial, informando ao Serviço de Inspeção Federal dados fictícios em laudos e planilhas técnicos.
As fraudes tinham como finalidade burlar o Serviço de Inspeção Federal (SIF/MAPA), do Ministério, e, com isso, não permitir que a Pasta fiscalizasse com eficácia a qualidade do processo industrial da empresa.
As investigações indicam que a prática das fraudes contava com a anuência de executivos do grupo empresarial, bem como de seu corpo técnico, além de profissionais responsáveis pelo controle de qualidade dos produtos da própria empresa.
Também foram constatadas manobras extrajudiciais, operadas pelos executivos do grupo para acobertar a prática desses ilícitos ao longo das investigações.
Novo conselho da BRF. Duas semanas antes da nova etapa da operação da PF, os fundos de pensão Petros e Previ, que são os principais acionistas da BRF, e detém, cada um, cerca de 11% do capital da empresa, divulgaram carta pedindo a realização de uma assembleia geral extraordinária para destituir o atual conselho de administração, presidido pelo empresário Abílio Diniz.
Insatisfeitos com os resultados da companhia de alimentos, que registrou prejuízo bilionário em 2017, os fundos decidiram se unir para forçar mudanças no colegiado. Embora tenha uma fatia menor que a dos fundos, Abilio dá as cartas na BRF desde 2013, quando foi trazido para o negócio pelo fundo brasileiro Tarpon.
Uma reunião para deliberar sobre o pedido dos fundos já tinha sido convocada por Abílio, antes da deflagração da terceira fase da Carne Fraca, para esta segunda-feira, 5. /RICARDO BRANDT, JULIA AFFONSO, FAUSTO MACEDO, LUIZ VASSALLO, RENATA AGOSTINI, MONICA SCARAMUZZO E FABIANA HOLTZ