O Globo
A cada sete minutos, em média, uma remessa — encomenda ou correspondência — é roubada ou furtada de veículos ou de funcionários dos Correios no Estado do Rio. Dados obtidos pelo GLOBO via Lei de Acesso à Informação apontam que, de janeiro a outubro do ano passado, foram registrados 62.577 casos do gênero em território fluminense (61.170 roubos e 1.407 furtos). O número do Rio de Janeiro corresponde a 32,9% do total de ocorrências do país. Somente São Paulo somou mais roubos e furtos de remessas do que o Rio: foram 95.472 casos (50,1%) entre janeiro e outubro do ano passado. A população paulista, no entanto, é quase três vezes maior.
De acordo com os Correios, raramente correspondências são o alvo prioritário dos assaltantes. Em geral, ainda segundo a estatal, elas acabam sendo roubadas “apenas pelo fato de serem transportadas juntas com as encomendas”, justamente o tipo de remessa que, para a cidade do Rio, teve o valor acrescido pela taxa de R$ 3.
— A nossa percepção é de que o foco são mesmo as encomendas, mas é comum que correspondências acabem sendo levadas por tabela. De um modo ou de outro, os carteiros têm sofrido muito com a violência — disse Pedro Alexandre Santana da Silva, diretor de imprensa do Sindicato dos Trabalhadores da Empresa Brasileira de Correios, Telégrafos e Similares do Rio (Sintect-RJ): — A princípio, não somos contra a cobrança extra, mas esperamos que, com essa medida, a empresa invista melhor na segurança de seus funcionários.
USUÁRIOS RECLAMAM
Os cariocas, porém, não receberam bem a novidade. Ontem, em postos dos Correios, o tom era de insatisfação. Entre as queixas, estava o fato de a cobrança ser somada ao reajuste anual, com média de 8% para remessas entre capitais, que também será aplicado a partir de 6 de março.
— Sempre compro pela internet e já pago um frete caríssimo, porque quero que chegue logo. Aí, além da taxa, ainda vem o outro aumento — reclamou o técnico de enfermagem Vinícius Sacramento, de 52 anos, num posto dos Correios em Jacarepaguá.