quinta-feira, 1 de fevereiro de 2018

Morte na Lava Jato: a misteriosa execução de Roberto do PT


Thiago Bronzatto, Veja


Juiz Sergio Moro pede apuração de assassinato a tiros na Bahia do ex-vice-prefeito José Roberto Soares Vieira, que delatou esquema de corrupção na Petrobras


O empresário José Roberto Soares Vieira desconfiava que algo de ruim estava para acontecer. Não era um simples pressentimento. No começo deste ano, ele vendeu a casa, num condomínio de alto padrão em Camaçari, na região metropolitana de Salvador. 
Passou a evitar atender ligações de números desconhecidos, afastou-se de colegas e raramente andava sozinho na rua. Contratou um motorista particular, que fazia as vezes de segurança, e procurou uma concessionária para mudar de carro. 
Aos vendedores, disse que queria trocar ou blindar seu Land Rover Discovery 4. Enquanto aguardava o orçamento, deixou o veículo na loja e alugou um Gol. 
Na manhã de 17 de janeiro, logo depois de sair da concessionária, Roberto do PT, como era conhecido o empresário baiano, visitou uma segunda loja de automóveis antes de percorrer 32 quilômetros até o trabalho. 
Eram os seus últimos minutos de vida.
Ele foi morto com nove tiros na porta da sua empresa por um homem em uma motocicleta. 
O assassinato seria mais um de tantos que ocorrem todos os dias pelo Brasil afora, não fosse por um detalhe crucial: dois meses antes, a vítima havia delatado um esquema de arrecadação de propinas na Petrobras
Era testemunha de um braço de um caso investigado pela Operação Lava Jato envolvendo o PT da Bahia. 
Quem chamou atenção para esse fato foi o juiz Sergio Moro. Num despacho assinado no último dia 26, o magistrado advertiu: 
“Não se pode excluir a possibilidade de que o homicídio esteja relacionado a esta ação penal, já que, na fase de investigação, o referido acusado aparentemente confessou seus crimes e revelou crimes de outros”. 
Traduzindo, Moro levantou a suspeita de que esse caso seja a primeira queima de arquivo, ou assassinato por vingança, da Lava Jato. E tudo leva a crer que ele tem razão.
Íntegra desta reportagem na Veja