EDUARDO SODRÉ - Folha de São Paulo
Após quatro anos de queda nas vendas, o setor automotivo fecha 2017 com alta de aproximadamente 10% em relação ao ano anterior.
Os dados preliminares apurados pela Folha mostram que 2,24 milhões de carros de passeio, comerciais leves, ônibus e caminhões foram licenciados até o dia 29 de dezembro, quando a alta acumulada era de 9,3% em relação a 2016.
A Anfavea, associação que representa as montadoras instaladas no Brasil, previa que o crescimento em 2017 seria de 7,3%.
Apesar do resultado positivo, a retomada ocorre em cima de bases rasas. Os dados do ano passado equivalem ao volume registrado em 2007, bem distante do recorde de vendas do setor: 3,8 milhões de unidades em 2012.
"A recuperação é um alívio para a indústria, mas não acreditamos em um crescimento vultoso. Ainda há incertezas econômicas e políticas que persistem na mente do consumidor na hora de comprar um veículo, e, apesar dos juros mais baixos da história, há restrições que limitam o poder de compra", afirma Fabio Braga, diretor de Operações da consultoria J.D. Power do Brasil.
Entre as montadoras, a Chevrolet permanece na frente, com 393 mil unidades emplacadas até o dia 29 de dezembro. A Fiat mantém a segunda posição (297,7 mil), mas é ameaçada pela Volkswagen (286,8 mil), que cresceu cerca de 26% em vendas na comparação entre os anos de 2016 e 2017.
A Ford também comemora a retomada nas vendas. Após o sexto lugar em 2016, a marca de origem norte-americana ultrapassa Hyundai e Toyota para recuperar a quarta colocação, com aproximadamente 215 mil licenciamentos e crescimento de 19% no ano passado.
Os dados de produção em 2017 serão divulgados nesta sexta-feira (5) pela Anfavea. No acumulado até novembro em relação a igual período de 2016, houve crescimento de 27,1% na fabricação de automóveis leves, caminhões e ônibus. As exportações, que cresceram 49% no mesmo intervalo, explicam a alta.
Representantes da indústria automotiva acreditam que o crescimento em 2018 deverá ser ainda maior do que o registrado no ano anterior, e aguardam a definição do novo plano de incentivo para o setor, o Rota 2030.
Para Antonio Megale, presidente da Anfavea, não há riscos de o próximo programa ter os mesmos problemas do Inovar-Auto, condenado pela OMC (Organização Mundial do Comércio).
Na visão do executivo, os pontos do plano anterior que discriminavam produtos importados -exigência de conteúdo local e cumprimento de etapas de produção no Brasil- não farão parte do Rota 2030.
Contudo, as montadoras estão insatisfeitas com o atraso na homologação do programa, inicialmente prevista para outubro. Elas também se queixam de impasses entre os ministérios.
Já as importadoras de veículos comemoram as mudanças tributárias, como o fim do sistema que sobretaxava modelos vindos de fora do Mercosul, bloco atualmente presidido pelo Brasil.