Anne Warth e Fernando Nakagawa, O Estado de S.Paulo
A balança comercial brasileira registrou superávit de US$ 67,001 bilhões no ano passado, o melhor resultado da série histórica, iniciada em 1989. O recorde anterior era de 2016 e somava US$ 47,683 bilhões. O montante é resultado de exportações de US$ 217,746 bilhões e importações de US$ 150,745 bilhões no ano.
O saldo registrado no ano passado ficou dentro do intervalo das estimativas coletadas pela pesquisa do Projeções Broadcast com 16 instituições, que variavam de US$ 65,5 bilhões a US$ 67,5 bilhões, e acima da mediana de US$ 66,2 bilhões.
Em dezembro, o saldo comercial ficou positivo em US$ 4,998 bilhões. As exportações somaram US$ 17,595 bilhões, e as importações, US$ 12,598 bilhões. Esse resultado também ficou dentro do intervalo das estimativas coletadas pelo Projeções Broadcast, de US$ 3,5 bilhões a US$ 5,4 bilhões, e acima da mediana de US$ 4,2 bilhões.
Na quinta semana de dezembro (25 a 31), houve superávit de US$ 1,488 bilhão, com exportações de US$ 3,619 bilhões e importações de US$ 2,131 bilhão. Na quarta semana (18 a 24), o resultado foi positivo em US$ 1,215 bilhão, com vendas ao exterior de US$ 4,591 bilhões e importações de US$ 3,376 bilhões.
O secretário de Comércio Exterior do Ministério da Indústria e Comércio, Abrão Neto, classificou como “contundente” o resultado da balança comercial do ano passado. “O número mais vistoso é o saldo comercial de US$ 67 bilhões, o que tem uma importância muito grande”, disse, ao comentar que o saldo positivo no comércio exterior tem ajudado o Brasil a reduzir o déficit em transações correntes.
O secretário ressaltou que não foi apenas o saldo comercial que chamou atenção. Abrão Neto notou que o ano termina com o aumento das exportações e importações, seja pelo aumento dos volumes como preços. Ou seja, indicam reação consistente.
Exportações. Nas exportações, o volume acumulado do ano foi o maior desde 2014. “Em 2016, as quantidades de exportações foram recorde, mas do lado dos preços foram os menores em dez anos para soja, petróleo e minério de ferro”, disse, ao comentar que há recuperação nos dois fatores. “A recomposição vem a partir dessa base com crescimento tanto do quantum (quantidades) como do preço para todas as categorias de produtos: básicos, semimanufaturados e manufaturados”, disse.
O secretário notou que houve comportamento distinto entre os dois semestres, com aumento de 17,6% dos preços no primeiro semestre e elevação de 13,9% dos volumes no segundo semestre de 2017.
Petróleo e automóveis foram dois destaques das exportações brasileiras no ano passado. Dados apresentados por Abrão Neto mostram que o total exportado de petróleo em bruto pelo Brasil cresceu 66,4% no ano passado, sendo que o volume aumentou 25,8% e os preços cresceram 32,2% no período.
O secretário disse que espera em 2018 novo superávit da conta petróleo que registrou superávit de US$ 3,681 bilhões no ano passado. O novo superávit acontecerá como resultado principalmente do aumento de 11,5% na produção, dado esperado pela Agência Nacional do Petróleo (ANP), mas também com aumento das importações pelo maior crescimento da economia brasileira.
Outro item destacado foram os automóveis de passageiros, cujo embarque a outros países cresceu 43,9%, sendo que houve aumento de 44,6% no volume de unidades exportadas, o que mais que compensou a queda de 0,4% no preço dos carros vendidos. Com esse desempenho, os automóveis já são o 5º principal item da pauta exportadora do Brasil.
Em unidades, a exportação de carros cresceu cerca de 200 mil unidades e alcançou 632 mil unidades embarcadas. Entre os principais destinos dos carros brasileiros, todos tiveram aumento das exportações importantes: Argentina (+43%), México (+70%), Chile (+98%), Uruguai (+59%) e Colômbia (+50%).
No agronegócio, houve aumento das exportações de 9% da carne de frango em 2017 na comparação com o ano anterior, para US$ 6,4 bilhões, aumento de 17,7% do embarque de carne bovina, para US$ 5,1 bilhões, e aumento de 9,4% das exportações de suínos, para US$ 1,5 bilhão em 2017.