domingo, 1 de fevereiro de 2015

Senado reelege Renan, fiador da quadrilha comandada pela dupla Lula-Dilma

Sílvio Navarro e Laryssa Borges - Veja


Peemedebista derrotou o colega de bancada Luiz Henrique da Silveira e foi eleito presidente do Senado pela quarta vez


Mesa (E/D): senador Romero Jucá (PMDB-RR), senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e senador Jorge Viana (PT-AC) - 01/02/2015
Mesa (E/D): senador Romero Jucá (PMDB-RR), senador Renan Calheiros (PMDB-AL) e senador Jorge Viana (PT-AC) - 01/02/2015 (Pedro França/Ag. Senado)
Com 49 votos, o alagoano Renan Calheiros (PMDB-AL) foi eleito neste domingo presidente do Senado pela quarta vez. O peemedebista derrotou o colega de bancada Luiz Henrique da Silveira (PMDB), que concorria com o apoio formal de cinco partidos de oposição, além de parte do PP e rebeldes do próprio PMDB. Governista de carteirinha, Renan chega ao quarto mandato como presidente da Casa para cumprir o papel de fiador do Palácio do Planalto em um ano difícil – pelo Congresso passarão medidas cruciais do governo, como o pacote econômico e os desdobramentos do propinoduto na Petrobras.

Caberá ao próprio Renan, também citado como beneficiário do assalto aos cofres da Petrobras, gerenciar a pressão pela abertura de processos de cassação contra parlamentares e de CPIs. Num cenário mais extremo, caberá a ele a função de desarticular um eventual pedido de impeachment da presidente Dilma Rousseff.
Como presidente do Senado pela quarta vez – a segunda consecutiva – Renan Calheiros se iguala a José Sarney, que se aposentou neste ano, como o mais longevo a dirigir o Senado. Ficará na cadeira até janeiro de 2017. Renan obteve neste domingo sete votos a menos do que há dois anos, quando chegou ao cargo com 56 votos.
Oposição — Azarão na disputa pela presidência da Casa, o catarinense Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC) obteve 31 votos – houve uma abstenção. Luiz Henrique é um representante do antigo MDB e disse neste domingo que sua candidatura é uma resposta a mudanças exigidas pela sociedade na onda de protestos que sacudiu o Brasil em junho de 2013. “O povo nos convocou para fazer mudanças. Ou mudamos ou seremos mudados”, resumiu ele ao pedir votos dos senadores. “Quando os ventos da mudança sopram, umas pessoas levantam barreiras outras constroem moinhos. Derrubemos as barreiras e façamos os moinhos produzirem o futuro”, completou.
Autointitulado candidato da “independência”, Luiz Henrique defendeu a votação de reformas consideradas prioritárias, como a política e a fiscal. “Nós estamos recebendo mensagens veementes e aflitas para mudar os rumos do Senado e do Congresso Nacional. A nossa candidatura acendeu a partir desta Casa a chama popular de uma nova esperança e de uma nova confiança. Foi esse clamor que me trouxe para esta tribuna”, afirmou ao justificar sua candidatura. Em 2013, quando Renan Calheiros derrotou o pedetista Pedro Taques (PDT-MT) na eleição para a Presidência do Senado, Luiz Henrique chegou a se lançar candidato, mas retirou seu nome em detrimento do correligionário. Luiz Henrique tinha o apoio do PSDB, DEM, PPS, PSB e PSOL, PDT e de parte do PP e do PMDB, mas a votação secreta, que estimula traições, lhe deu apenas uma pequena parcela dos votos prometidos.
Renan – Renan iniciou a fala justificando porque pretendia exercer seu quarto mandato. Citou nominalmente o adversário e disse que sua candidatura era um “direito conquistado nas urnas” pelo PMDB – a tradição da Casa é que o partido que elege mais senadores tem o direito de indicar o presidente. “Renovar é um verbo, não é um nome.”
A exemplo de Luiz Henrique, Renan também evocou a onda de protestos que tomaram o país em 2013. Mas, ao contrário do rival, afirmou que o Senado reagiu às manifestações sob sua batuta. “As ruas sacudiram este país e foi o Senado quem deu as respostas com a agenda que colocou para a população. Em 20 dias, mais de 40 projetos foram aprovados.”
Renan ainda defendeu sua última gestão: disse ter “racionalizado as estruturas administrativas” do Senado, com redução de custos, e ampliado a transparência. “O Senado não se acovardou. Era tido como a caixa preta da República. Mais do que uma meta, entendi que a transparência era um dever.”
O peemedebista usou pelo menos cinco vezes a palavra crise – tão comum à sua trajetória política – e disse que o país passará por dias difíceis. “Reitero que o Brasil pode contar com o Congresso. Não seremos coadjuvantes neste cenário.”
E encerrou com uma frase autoexplicativa: “Sou um homem de equipe, jogo para o time, não costumo jogar para a plateia”. A partir de hoje, jogará para o time do Palácio do Planalto.