sábado, 28 de fevereiro de 2015

Crise de confiança ameaça economia do país. E o governo

Veja


O nome do jogo é credibilidade


Há grande temor de que a perda do grau de investimento da Petrobras contamine com desconfiança toda a economia, o que seria desastroso – e o governo, o que seria catastrófico



O ministro da Fazenda Joaquim Levy: diante do atoleiro
O ministro da Fazenda Joaquim Levy: diante do atoleiro (André Coelho/Agência o Globo)
No ranking de fatores que define se as nações vão prosperar ou manter-se no atraso, a credibilidade figura no topo. É a confiança no futuro e nas instituições que, no fim das contas, faz com que as pessoas firmem contratos, invistam e emprestem dinheiro umas às outras. 
O economista americano e prêmio Nobel Douglass North, um dos que se debruçaram sobre o tema, demonstrou que a solidez das instituições é uma variável mais importante para o desenvolvimento de um país do que suas riquezas naturais, seu bom clima ou a fertilidade de seu solo — e que é a credibilidade que faz a diferença entre o crescimento e o atraso. 
O rebaixamento da nota da Petrobras pela agência de classificação de risco Moody’s, anunciado na semana passada, é sintoma de que o Brasil está realizando uma perigosa inflexão para o pior dos caminhos. Hoje, aos olhos do mundo, a maior companhia brasileira deixou de ser considerada um investimento seguro para se tornar uma aposta especulativa. 
A tendência é que em breve outras casas de avaliação de risco anunciem a mesma conclusão. Se isso ocorrer, os efeitos para a Petrobras serão nefastos. Mas, se a queda na confiança alastrar-se por toda a economia, os problemas do Brasil poderão atingir dimensões calamitosas.
Com a nova nota, fecham-se para a Petrobras os portões de um mercado de crédito de 15 trilhões de reais, três quartos do dinheiro disponível no planeta para empréstimos de melhor qualidade — leia-­se a juros mais baixos e com exigências de garantias mais brandas. 
Esse mercado agora se fecha porque a maior parte dos fundos de investimento e de pensão do mundo só pode aplicar seus recursos em títulos de companhias e países que tenham o selo de confiança de pelo menos duas das três grandes agências de risco — além da Moody’s, as outras são a Standard & Poor’s e a Fitch (que, por ora, mantêm a nota da Petrobras um nível acima do grau especulativo). 
Os 5 trilhões que sobram são disputados a cotoveladas por um contingente de companhias e países que, sem escolha, pagam caro pelo dinheiro e são obrigados a oferecer garantias draconianas por ele.
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