sexta-feira, 27 de fevereiro de 2015

"Um remendo vem aí", por Ilimar Franco

O Globo


O PMDB quer que o governo Dilma adote novas medidas de ajuste. Os cortes seriam feitos em gastos do governo ou benefícios concedidos aos mais ricos. Este foi o recado recebido pelo ex-presidente Lula, ontem pela manhã, na casa do presidente do Senado, Renan Calheiros. Esse, mais o líder Eunício Oliveira e o ex-presidente Sarney disseram que “o ajuste não pode passar a percepção de que estamos cortando dos mais pobres”.
Aplicando panos quentes
Desde ontem, para acalmar o PMDB, o Planalto tem dito que o vice Michel Temer foi incorporado ao núcleo duro da presidente Dilma. E acena com novas mudanças. Mesmo assim, os aliados são céticos. Nas suas avaliações, o fato da coalizão ser apenas um título, e não uma prática, é o menor de seus problemas. Na conversa de Lula, com os senadores Sarney, Renan e Eunício, estes lhe disseram que a coalizão não tem fundamento, não tem mais agenda nem há quem sinalize quais são os próximos passos. Mas o ex-presidente não avançou o sinal em direção a 2018. Os aliados querem uma bandeira para se enrolar, mas Lula não vai atropelar quem está na faixa preferencial.
Ser presidente é muito bom. Ser ex-presidente é muito difícil. É preciso escolher as palavras e os movimentos para não parecer indevido e criar problemas” 

Lula 
Ex-presidente, no café da manhã com o presidente do Senado, Renan Calheiros; o líder do PMDB, Eunício Oliveira; e, o ex-presidente José Sarney
Um outro ajuste é possível?
Dois integrantes da executiva do PT votaram contra apoiar o ajuste fiscal do governo Dilma. Um deles, Bruno Elias (Movimentos Populares), votou contra e saiu convocando para o ato da CUT, no dia 13, contra a retirada de direitos.
Ah! Bom
O líder do PT no Senado, Humberto Costa, diante da reação dos aliados, procura minimizar as emendas dos petistas ao ajuste fiscal. Ele explica que muitas dessas emendas são para os parlamentares marcarem posição com os eleitores. E outras foram motivadas pelo desejo de produzir uma negociação. Mas que na hora “H” ninguém fugirá da raia.
Ansiedade
O ministro Aloizio Mercadante (Casa Civil) comunicou aos presidentes dos partidos governistas que eles serão chamados ao Planalto, na próxima semana, para reunião que vai tratar da partilha dos cargos do segundo escalão.
O que está em jogo
Os principais partidos do governo, PT e PMDB, estão de olho nas Secretarias de Saneamento, Habitação e Mobilidade Urbana do Ministério das Cidades. Pelo volume dos investimentos e pela visibilidade de seus resultados, elas são as jóias do segundo escalão. Ninguém quer deixar tudo nas mãos do ministro Gilberto Kassab.
O contador de histórias
Na reunião na casa do presidente do PP, senador Ciro Nogueira, anteontem à noite, relatam que o ministro Joaquim Levy citou o caso de um jovem de 20 anos que casou com uma senhora de 80 anos para receber a pensão pela sua morte.
Agora vai
A PEC da Bengala, pela qual os ministros dos tribunais superiores vão se aposentar aos 75 anos, será votada na semana que vem. O presidente da Câmara, Eduardo Cunha, não recebeu nenhum apelo político para não votar a proposta.
O governo relaxou. Mas é intensa a tensão no PT, no PMDB e aliados, com a lista de parlamentares que integram a lista do PGR, Rodrigo Janot.