Boris Nemtsov, 55, um dos principais opositores do governo do presidente russo, Vladimir Putin, foi assassinado no centro de Moscou na noite desta sexta-feira (27).
A morte foi confirmada pelo Ministério do Interior do país, conforme a agência de notícias russa Interfax.
De acordo com a agência, o assassino, que não havia sido identificado até as 20h30 desta sexta, atirou em Nemtsov quatro vezes. Segundo o site noticioso russo Meduza, o político caminhava perto do Kremlin –sede do governo do país– com uma mulher quando foi atacado.
Pavel Golovkin/Associated Press | ||
Policiais examinam o corpo do líder oposicionista Boris Nemtsov, morto nas proximidades do Kremlin |
A presença do líder oposicionista era esperada na primeira grande manifestação contra o governo na capital da Rússia neste ano, marcado para este domingo (1º).
Em seu último post no Twitter, Nemtsov conclamava a dividida oposição russa a se unir para o protesto.
"Se você apoia o fim da guerra da Rússia com a Ucrânia e o fim da agressão de Putin, venha para a marcha no dia 1º de março" -escreveu o político em alusão ao apoio do governo russo aos rebeldes do leste ucraniano, oficialmente negado por Moscou.
Nemtsov chegou a ser vice-premiê durante a gestão do presidente russo Boris Ieltsin (1991-99). Antes, ficou conhecido pelas reformas econômicas que fez no governo da região de Nijni Novgorod, uma das maiores cidades da Rússia, no oeste do país.
Após se desentender com Putin, sucessor de Ieltsin como presidente a partir de 2000 –Putin assumiria o cargo de premiê em 2008 e voltaria à Presidência em 2012–, Nemtsov passou para a oposição.
Depois de deixar a Duma (Parlamento russo), em 2003, fundou uma série de organizações e partidos de oposição –o último deles foi o Partido da Liberdade do Povo, a que pertencia atualmente, sem assento no Legislativo atual.
Em maio de 2012, Nemtsov foi um dos 120 manifestantes presos (e liberados em seguida) por protestar durante a posse de Putin. Quatro meses depois, foi um dos organizadores de ato contra o governo que levou mais de 10 mil pessoas às ruas de Moscou.
Em entrevista ao site noticioso russo Sobesednik no dia 10 de fevereiro, citada pelo site da rede britânica BBC, o oposicionista disse temer por sua vida. "Tenho medo de que Putin me mate", declarou. "Foi ele que desencadeou a guerra na Ucrânia. Não poderia detestá-lo mais."
REAÇÃO DE PUTIN
O presidente da Rússia condenou o crime e levantou a possibilidade de ter sido um assassinato encomendado, declarou nesta sexta Dmitri Peskov, porta-voz do Kremlin.
Segundo Peskov, Putin disse também que a morte do opositor pode ter sido uma "provocação" e ordenou que ela seja investigada pelos serviços de segurança do país.