Energia solar doméstica, até que enfim incentivada no Brasil
Post publicado no ótimo Blog do Jura
Quando a água bate na bunda, as pessoas agem. Mas justamente por não ter mais água pra bater na bunda, o governo finalmente vai estimular a produção doméstica de energia solar.
Na Austrália, todo mundo que tem um quintalzinho nos fundos produz energia fotovoltaica para consumo próprio e vende o excedente para a rede pública. No Brasil, o lobby do setor elétrico tem feito de tudo para que isso não seja possível.
Depois de muita resistência, o governo tomou algumas medidas paliativas em 2012, que não resolveram o problema. A ANEEL, Agência Nacional de Energia Elétrica, passou a permitir que os consumidores, residenciais e empresariais, ligassem seus sistemas fotovoltaicos na rede elétrica e “fornecessem” a energia excedente para as distribuidoras, em troca de um crédito na conta de luz.
Ora, isso até pode funcionar para uma empresa, que tem picos e sazonalidades no consumo e às vezes precisa de reforço. Mas o comum dos mortais produz energia em casa justamente para não ter que usar a eletricidade paga! Portanto, de nada adianta o crédito do qual nunca ou raramente fará uso. Eis uma pegadinha!
Em recente matéria no Estadão, a repórter Naiana Oscar relatou outra faceta dessa pegadinha:
“Hoje, se o proprietário de um sistema solar consome 200 kWh de energia e injeta um excedente de 100 kWh na rede, ele paga o imposto em cima de 300 e não dos 200 que ele consumiu. Minas Gerais resolveu adotar uma regra própria e cobrar o tributo apenas sobre a diferença por um prazo de cinco anos, colocando o Estado na liderança dos projetos de sistema solar do País: são 80 ante 43 de São Paulo.”
O governo promete melhorar as regras até julho deste ano, além de abrir linhas de financiamento para a instalação de sistemas solares particulares.
Projeta-se um custo inferior a 15 mil reais para um sistema residencial capaz de fornecer até 500 kWh por mês, que equivale ao consumo de uma família de classe média.