Bela Megale - Veja
Detalhamento faz parte do acordo firmado com Ministério Público por Dalton Avancini, presidente da construtora, e Eduardo Leite, vice-presidente
Dalton dos Santos Avancini, presidente da Camargo Correa (Valor/VEJA)
Os executivos da construtora Camargo Corrêa que fecharam acordo de delação premiadacom a Justiça se comprometeram a entregar à força-tarefa da Operação Lava Jato os nomes de políticos sem foro privilegiado envolvidos no escândalo do petrolão, além de fornecer nomes de outros executivos da empresa. Depois de 14 horas de reunião entre seus advogados e o Ministério Público Federal, o presidente da empresa, Dalton dos Santos Avancini, e o vice-presidente Eduardo Leite, acertaram na noite desta sexta-feira os acordos. A dupla também se comprometeu a falar sobre pagamento de propina envolvendo a construção da usina de Belo Monte, no Pará.
O presidente do Conselho Administrativo da construtora, João Ribeiro Auler, que também tentava um acordo semelhante, não teve o pedido homologado. Os investigadores consideram que ele não revelou tudo o que sabe sobre as fraudes nos contratos entre empreiteiras e a estatal. Auler não teria se sentido a vontade para firmar acordo de delação.
Leia também:
Delator que levou propina a Duque e Barusco pagará multa de R$ 1,3 milhão
Camargo Corrêa demite e renegocia com fornecedores
Delator que levou propina a Duque e Barusco pagará multa de R$ 1,3 milhão
Camargo Corrêa demite e renegocia com fornecedores
Avancini será a partir de agora defendido por Pier Paolo Bottini, responsável por conduzir seu acordo de delação. Já Leite terá como representante Marlus Arns. Procurados, os advogados não quiseram se pronunciar. Os executivos ficarão presos na superintendência da Polícia Federal no Paraná até o fim de março e, então, cumprirão um ano de prisão domiciliar. O restante da pena ainda está em discussão. A multa para cada um foi decidida com base no patrimônio dos empresários: Leite terá de devolver 5 milhões de reais e Avancini, 2,5 milhões.
Entenda – De acordo com a denúncia do Ministério Público, para garantir que pudessem monopolizar grandes obras, a Camargo Corrêa e as demais empreiteiras destinavam uma porcentagem de cada contrato para o pagamento de propina. Segundo os investigadores, os dirigentes da Camargo teriam pago pelo menos 1% sobre o valor dos contratos e aditivos à Diretoria de Abastecimento da Petrobras, então comandada por Paulo Roberto Costa.
“Em relação aos agentes da Camargo Corrêa, há diversas razões especificadas na denúncia para a imputação, como o depoimentos dos colaboradores, o envolvimento deles na celebração dos contratos fraudulentos, o fato de figurarem em comunicações eletrônicas com o grupo dirigido por Alberto Youssef ou o próprio resultado da busca e apreensão”, resumiu o juiz Sergio Moro ao aceitar denúncia contra os executivos da companhia.
Reprodução
Eduardo Leite, vice presidente da Camargo Correa
Dalton Avancini ainda assinou os contratos das obras nas quais as fraudes foram constatadas, além de ter celebrado contrato fraudulento com a Costa Global – empresa de Paulo Roberto Costa – para dissimular o pagamento de propina.
Já Eduardo Leite é citado em um dos diálogos interceptados durante as investigações da Lava Jato. No áudio, o doleiro Alberto Youssef diz ter recebido 9 milhões de reais em propinas, pago 20% e repassado o resto para "Leitoso", como o executivo era chamado pelos criminosos. A força-tarefa montada pelos procuradores avalia que a Camargo Corrêa pagou propinas a empresas de fachada de Youssef, em operações com fornecedores da construtora.