Estou no Japão nesta semana, fazendo matérias sobre a nova política econômica do primeiro ministro Shinzo Abe, conhecida como Abenomics, destinada a tirar o país do atoleiro. No caso japonês, recessão e deflação.
Na maior parte das conversas com empresários e funcionários do governo local, no entanto, eu é tive que responder a muitas perguntas sobre como o Brasil se meteu num atoleiro ainda pior (como bem definiu a última edição da revista britânica The Economist). No caso brasileiro, recessão, inflação e corrupção correndo solta.
Os japoneses querem saber a dimensão da crise da Petrobras e se a economia brasileira vai voltar a crescer - perguntas para as quais nem o governo brasileiro parece ter as respostas. E, discretamente, reclamam da burocracia, do aumento do custo da energia e falam em "aguardar" para fazer novos investimentos.
Uma pesquisa conduzida pela Jetro (Japan External Trade Organization) com multinacionais japonesas dá a dimensão do pessimismo com o Brasil. O país pontuou 0,6 ponto no ranking de confiança da pesquisa, comparado com 36,9 pontos do México e 33,3 pontos da Colômbia.
Segundo o levantamento, o Brasil enfrenta um "severo clima de negócios" e teve algumas das piores notas em "complicado sistema tributário", "opaca política administrativa do governo" e "altos custos salariais".
Enquanto isso, a pesquisa constata que o México está atraindo investimentos das empresas japonesas, principalmente do setor automotivo, encorajadas pelo desempenho das vendas de carros nos Estados Unidos, país com o qual os mexicanos tem um acordo de livre comércio.
O funcionário da Jetro chama minha atenção para o fato de que a pesquisa foi realizada no final do ano passado, portanto, antes da Petrobras perder o selo de boa pagadora das agências de classificação de risco e dos seguros contra um eventual calote da dívida brasileira já estarem sendo negociados como "alto risco".
Ou seja, a situação no Brasil só piorou. Enquanto o mundo se recupera da mais grave crise global da história recente, nosso país mergulha cada vez mais no atoleiro, guiado pelo seu próprio governo. Parabéns a todos os envolvidos!