quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

J.R Guzzo: e 'O Ministério da Propaganda do ex-presidiário'

Juntar o nome do petista à ideia de democracia é um dos grandes contos do vigário do século 21

'O que Lula acaba de criar é uma nova polícia para controlar o que os cidadãos dizem em público', diz Guzzo | Foto: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo
'O que Lula acaba de criar é uma nova polícia para controlar o que os cidadãos dizem em público', diz Guzzo | Foto: Fátima Meira/Futura Press/Estadão Conteúdo

O governo Lula, esse apóstolo do bem que salvou a democracia no Brasil, acaba de anunciar a criação de um “Departamento de Promoção da Liberdade de Expressão”, mais um braço do seu cada vez mais agressivo Ministério da Propaganda. 

Juntar o nome de Lula à ideia de democracia é um dos grandes contos do vigário do século 21, mas essa farsa virou a verdade única no Brasil e no mundo de hoje. 

Fazer o quê? 

Se o sujeito discordar vai ser chamado de golpista, terrorista e até mesmo de bolsonarista. 

Ainda assim, os fatos são os fatos, e as ações concretas de Lula e de seu governo são o exato contrário de tudo o que tem a ver com democracia. 

A prova mais recente disso é o tal “departamento”, ou “secretaria”, ou “comitê”, ou coisa que o valha, para “promover” a “liberdade de expressão” no Brasil.

É um desatino. 

O que Lula acaba de criar é uma nova polícia para controlar o que os cidadãos dizem em público. 

Já havia uma, no Ministério Público; agora, dobraram a meta. 

A ideia em si é obviamente absurda: quem já ouviu falar, em qualquer época da História, que a liberdade de expressão deve ser entregue a uma repartição pública? 

Isso não existe. 

Governos, todas as vezes em que se metem no assunto, só restringem as liberdades públicas e individuais; jamais, em tempo algum, deixaram as pessoas mais livres para se exprimir. 

É inevitável que aconteça de novo com essa última invenção do governo Lula. 

Ou alguém acha, honestamente, que o departamento de promoção da liberdade vai incentivar os brasileiros a criticarem mais o governo, ou a denunciarem o que julgam errado? 

É claro que não vai haver isso. 

O que vai haver é censura.

Não se pode montar um grupo de vigilantes, que no caso vai ser composto unicamente por militantes de esquerda, dar a eles a autoridade para julgar o que a população diz — e achar, ao mesmo tempo, que não vão cortar, bloquear e proibir coisas que leem, ouvem ou assistem. 

Dizer, como o governo está dizendo e muita gente repete automaticamente, que esse negócio foi montado para “combater a desinformação” é uma mentira em estado puro. “Desinformação?” 

O que é isso? 

Para a esquerda, que se tornou a única fiscal da verdade no Brasil, desinformação é tudo aquilo que governo não quer que seja publicado nos meios de comunicação e nas redes sociais. 

\É isso, e só isso.

Se houvesse um mínimo de honestidade nesse fervor para livrar o Brasil dos males da “desinformação” os novos censores do governo poderiam começar seu trabalho aplicando, já, uma punição ao presidente Lula. \

Ele acaba de dizer em público, mais uma vez, que Dilma Rousseff foi derrubada por um “golpe de Estado” — quando até uma criança com 10 anos de idade sabe perfeitamente que ela foi expulsa do governo por um processo 100% legal de impeachment, incluindo a supervisão direta do Supremo Tribunal Federal em todos os passos do procedimento. \

Como é possível, então, dizer que isso foi um “golpe”? \

Aí não é “desinformação” — é mentira mesmo. 

\Os combatentes da verdade, naturalmente, não vão fazer nada a respeito.

Governos de países livres têm só uma função em matéria de liberdade de pensamento: garantir o cumprimento das leis que asseguram ao cidadão o direito de dizer tudo o que pensa, e em voz alta. 

O resto é conversa de ditadura.

Publicado originalmente no O Estado de S. Paulo 

Revista Oeste