WASHINGTON - Jimmy Carter, o 39º presidente dos Estados Unidos, tem celebrado vários e importantes recordes nos últimos anos: o 40º aniversário de sua posse, em 2017; ter se juntado a George H.W. Bush como o único presidente americano a chegar aos 94 anos; e, em março, ao completar 94 anos e 172 dias, tornar-se o ex-presidente americano a viver por mais tempo.
Agora, Carter está fazendo aniversário de 95 anos. Carter alcançou ainda outra importante marca: sobreviver depois de ter estado perto da morte há apenas alguns anos, quando médicos descobriram que um câncer havia se alastrado para seu cérebro.
Nascido em 1º de outubro de 1924, em Plains, Georgia, o alegre e humilde ex-tenente da Marinha teve uma vida de serviço à nação. Antes de se tornar presidente, ele serviu como senador e governador do Estado da Georgia.
Sua presidência, lembrada pelos acordos de Camp David, a crise dos reféns no Irã e pela criação dos departamentos de Energia e Educação, explodiu durante as eleições de 1980, quando Ronald Reagan o derrotou.
Após deixar a Casa Branca, em 1981, Carter, então com 56 anos, e sua mulher, Rosalynn, voltaram para sua cidade no sul da Georgia. Agora, ele acumula outro recorde: ser o mais antigo ex-presidente americano.
Ele continua engajado em várias causas e ativismo importantes, como disse a diretora de comunicação do Carter Center, Deanna Congileo.
Ele participa dos programas do Carter Center pela paz global e saúde e do projeto anual Habitat for Humanity - ele recebeu o Nobel da Paz em 2002 pelo trabalho que desempenhou durante e depois sua presidência. Ele também continua a dar aulas aos cursos de domingo da Emory University.
"Eu pensei que tinha apenas algumas semanas de vida, mas fui, no mínimo, surpreendido", disse Carter em uma entrevista coletiva em agosto. "Eu tenho tido uma existência emocionante, aventureira e gratificante."
Ele recebeu seu primeiro tratamento com radiação aos 90 anos. Quatro meses mais tarde, os médicos disseram que ele estava livre do câncer.
Bush, o 41º presidente, morreu no dia 30 de novembro. Carter compareceu ao funeral em Washington, com o presidente Trump e os ex-presidentes Barack Obama e Bill Clinton e, claro, o filho de Bush, George W.
Carter diz que se orgulha em "sempre ter dito a verdade". Ele também diz se orgulhar de que a ex-secretária de Estado Hillary Clinton e o senador Bernie Sanders "terem se comportado com dignidade, falado sobre questões que importam e apresentado uma visão para a nação" durante a campanha presidencial de 2016.
Mesmo assim, no ano passado, disse que se arrepende por não ter feito mais para unificar o Partido Democrata nos últimos 40 anos. "Continuem engajados, continuem envolvidos e não se esqueçam de votar", disse ele em 2016, em sua mensagem aos jovens eleitores.
No mês passado, em um evento do Carter Center, o ex-presidente, que votou para Sander nas primárias da Georgia em 2016, disse que tem mantido uma "mente aberta" sobre os candidatos democratas para 2020. "Um dos principais fatores que levarei em consideração é quem poderá derrotar Trump", disse.
No mesmo evento, Carter foi questionado sobre o que poderia convencê-lo a sair candidato a presidente de novo. A pessoa que fez a pergunta lembrou que Grover Cleveland serviu dois mandatos não consecutivos no fim do século 19. "Eu acho que deveria haver um limite de idade", disse Carter sorrindo para sua mulher, sentada ao seu lado.
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"Mesmo se eu tivesse apenas 80 anos, ou seja, se eu fosse 15 anos mais jovem, mesmo assim não acredito que eu poderia desempenhar as funções que eu desempenhei quando fui presidente", disse. "Para dizer um aspecto, você precisa ter uma mente muito flexível. Você tem de ser capaz de ir de um assunto para outro e se concentar adequadamente em cada um deles e colocá-los todos juntos de uma maneira compreensível."
Ele destacou ainda que os presidentes "também têm de adotar novas ideias". "As coisas que enfrentei apenas em política externa, não acredito que eu conseguiria enfrentá-las se eu tivesse 80 anos", disse. "Então, com 95, está fora de questão. Eu tenho dificuldades até para andar. Acho que para me envolver ativamente com política e, muito menos para concorrer à presidência, meu tempo já passou."
Com Washington Post e O Estado de S.Paulo