quarta-feira, 28 de dezembro de 2016

Panamá vai cancelar contrato de US$ 1 bilhão com Odebrecht


Ministro Alvaro Alemán, porta-voz da Presidência do Panamá, durante entrevista coletiva na capital panamenha. - Reuters

Reuters


Governo quer ainda a devolução do projeto de Chan II sem custos


CIDADE DO PANAMÁ - O governo do Panamá anunciou na terça-feira que irá cancelar um contrato de US$ 1 bilhão com a Odebrecht para o desenvolvimento da hidrelétrica Chan II, depois de a empreiteira ter se declarado culpada na semana passada de pagamento de suborno em vários países, entre eles o Panamá.

O ministro Alvaro Alemán, porta-voz da Presidência do Panamá, disse que o governo buscará "adotar as ações necessárias" para encerrar o contrato de Chan II, na costa do Atlântico, que foi entregue à Odebrecht em 2014 para a construção e operação por 50 anos da hidrelétrica, sem custo para o Estado.

Alemán afirmou ainda que o Panamá proibirá a Odebrecht de obter novos contratos ou que sejam ratificados os que a empreiteira detém até que demonstre uma colaboração "efetiva e eficaz" nas investigações sobre os subornos, superiores a US$ 59 milhões de dólares no Panamá e entregues entre 2010 e 2014 a funcionários governamentais e intermediários para assegurar, entre outros, contratos de obras públicas.

Procurada, a assessoria da Odebrecht no Panamá ainda não se manifestou.

Conhecido como um dos principais paraísos fiscais do mundo, o Panamá, não colaborou com as investigações da Lava-Jato. Os procuradores em Curitiba tentaram nos últimos meses ter acesso à íntegra de uma conta da Odebrecht no país, mas as autoridades panamenhas se recusaram a entregar os dados, por considerar que os números relatariam pagamentos a pessoas politicamente expostas do próprio Panamá, onde a Odebrecht toca diversas obras.

O GLOBO apurou que o envio de dados foi barrado pela autoridade central do país, responsável por formalizar o envio ao Departamento de Recuperação de Ativos e Cooperação Jurídica Internacional (DRCI) do Ministério da Justiça no Brasil.

Na semana passada, O GLOBO mostrou que após acordo de leniência com EUA, a Odebrecht será alvo de apurações em cinco países latinos: México, Colômbia, Peru, Argentina e Equador prometem investigar o caso.