Aos 54 anos, a assistente administrativa Catia Fernandes tem encontrado dificuldades para se recolocar no mercado de trabalho
Busca. Num único site, Catia já mandou mais de mil currículos sem ter resposta.
Aos 54 anos, Catia Fernandes acredita que a idade seja uma grande barreira para encontrar um novo emprego. Ela faz parte do grupo etário de 40 a 59 anos, cuja desocupação passou de 3,4% no terceiro semestre de 2013 para 6,7% no mesmo período em 2016, segundo o IBGE.
Demitida, em fevereiro deste ano, de um escritório de seguros, a assistente administrativa já fez de tudo um pouco: trabalhou em banco, vendeu passagens, trabalhou no telemarketing e teve seu próprio negócio. Mas, desde a demissão, tem dificuldade de se recolocar no mercado mesmo com diploma do ensino superior. “Só em um site, mandei mais de mil currículos sem ter resposta. Eles acham que a pessoa acima dos 50 anos não funciona mais.”
Para ajudar nas contas, ela conseguiu frilas de digitação com os colegas do antigo trabalho, mas os “bicos” logo começaram a rarear. Hoje, a aposentadoria da mãe, de 76 anos, única pessoa com quem mora, é a principal renda da casa e mesmo a busca por empregos é prejudicada pela falta de dinheiro. “Às vezes tenho de ir à pé fazer as entrevistas.”
Para fazer o orçamento caber na nova renda, Catia parou de comprar roupas, diminuiu o pacote de internet, mudou o plano de saúde da mãe e conseguiu negociar para que não houvesse reajuste do aluguel. “Se eu colocar na ponta do lápis acho que cortei uns 60% dos meus gastos”, conta.
Catia não perde a fé de que as coisas vão melhorar. O primeiro sinal veio de uma das três irmãs que, também desempregada, conseguiu uma vaga com carteira assinada para começar em janeiro. “É difícil lidar com o desemprego. Muitas vezes você se sente inútil, mas é preciso ter força, se controlar e pedir a Deus que venham dias melhores. A contratação da minha irmã foi um indício. Temos de nos apegar a isso.”