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Henrique Meirelles e o embaixador da França, Laurent Bili, durante cerimônia no Ministério da Fazenda |
MAELI PRADO - Folha de São Paulo
O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, e o embaixador da França, Laurent Bili, formalizaram nesta sexta-feira (30) a adesão do Brasil ao Clube de Paris, órgão que, nos anos 1980, renegociou parte dos compromissos externos do país e que é o principal fórum internacional para reestruturação de dívidas de nações.
Em 2006, o Brasil quitou a dívida de US$ 2,6 bilhões que ainda tinha com a instituição.
Meirelles ressaltou a importância da entrada do país no seleto órgão, que passa agora a ter 22 membros permanentes, incluindo Estados Unidos, Alemanha, Japão e Rússia –último grande emergente antes do Brasil a ingressar na instituição, em 1997.
Ao lado dos russos e de outros países em desenvolvimento como China e Índia, o Brasil tem sido importante nos esforços para forçar EUA e Europa a cederem mais espaço para os emergentes em instituições internacionais como FMI (Fundo Monetário Internacional), Banco Mundial e o próprio Clube de Paris.
"Há oito anos deixamos de ser devedores e passamos a ser credores internacionais. Nesse sentido, é fundamental para o Brasil participar da formação das regras que definem o comportamento dos credores. Isso é vital para qualquer país credor", afirmou Meirelles após a cerimônia de entrada no Clube.
De acordo com ele, a entrada é importante pela possibilidade de participar da definição da agenda das reuniões do órgão.
"Podemos definir o que é importante ser discutido do ponto de vista do Brasil", disse. "Eu tenho, por coincidência, uma histórica participação direta na assinatura do pagamento dos últimos débitos do Brasil com o Clube do Paris, naquela época como presidente do Banco Central".
A adesão brasileira formaliza uma longa participação no clube, já que o país é há bastante tempo um membro "ad hoc" (que pode participar das negociações), especialmente na reestruturação da dívida de países africanos. O Brasil é um credor importante de nações como Nigéria, Angola e Moçambique.
Desde que o Clube de Paris foi criado, 60 anos atrás, os seus membros reestruturaram ou perdoaram cerca de US$ 600 bilhões em dívidas de 90 países, como Mianmar, Cuba e Iugoslávia.
Uma das suas iniciativas mais conhecidas foi um programa de perdão de dívida para países pobres altamente endividados, como Costa do Marfim e República Democrática do Congo. O Brasil integrou esse programa.