Oito anos após ser derrotada por Barack Obama na disputa pela candidatura democrata à Casa Branca, Hillary Clinton aceitou a nomeação do partido nesta quinta (28) para concorrer na eleição presidencial de 8 de novembro, com um discurso voltado para a recuperação da economia e a segurança nacional.
Primeira mulher a concorrer à Presidência dos EUA por um dos dois grandes partidos, Hillary foi apresentada pela filha, Chelsea, como "minha heroína".
Robyn Beck/AFP | ||
A candidata democrata à Casa Branca, Hillary Clinton, discursa nesta quinta (28) na Filadélfia |
No discurso mais importante de sua vida, buscou equilíbrio entre a defesa do legado de Obama e a promessa de correções de rumo, a começar pela criação de empregos, o aumento dos salários e o combate à desigualdade.
Elogiando Obama pela retomada econômica após a crise de 2008, prometeu mais.
"Quero dizer a vocês nesta noite que nós vamos capacitar todos os americanos a terem vidas melhores. Minha principal missão como presidente será criar mais oportunidades e melhores empregos, com salários mais altos aqui mesmo nos EUA", disse.
Foi um recado aos americanos que não sentem os efeitos da recuperação do país depois da recessão, público que tem sido um dos alvos de seu adversário republicano, o empresário Donald Trump, sobretudo a classe média e média-baixa branca.
ECOS DE BILL
A ênfase na melhora econômica fez lembrar a candidatura presidencial de seu marido, Bill Clinton, em 1992, que tornou famoso o slogan "é a economia estúpido".
Durante as prévias, Hillary chegou a dizer que, se for eleita, o marido terá a função de comandar a revitalização da economia, "porque ele sabe como fazê-lo".
Sob Bill Clinton (1993-2001), a economia americana cresceu 3,5% ao ano em média, e o desemprego estava em 3,8% quando ele deixou a Casa Branca.
Hoje o desemprego, que chegou ao patamar de 10% durante o auge da crise, está em torno de 5% e, de acordo com projeções do FMI (Fundo Monetário Internacional), a economia americana crescerá 2,2% neste ano.
Rebatendo o discurso de Donald Trump na convenção republicana da semana passada, Hillary evocou o republicano Ronald Reagan ao dizer que Trump havia levado o país da "manhã na América" à meia-noite".
"Ele quer nos separar do resto do mundo e um dos outros", afirmou, antes de citar outro ex-presidente, o democrata Franklin D. Roosevelt: "Não há nada a se temer a não ser o próprio medo".
A segurança nacional e o risco terrorista, outro alvo constante de Trump, também foram abordados. Hillary reconheceu os perigos, mas rejeitou o discurso do medo. "Vamos encarar o desafio, como sempre fizemos."
Além dos rumos da economia, a eleição presidencial de novembro também é decisiva em relação à segurança nacional, disse a democrata, enfatizando sua experiência em temas de política externa como ex-secretária de Estado.
"Basta ler as notícias para ver as turbulências que encaramos. De Bagdá aCabul, a Nice e Paris e Bruxelas, de San Bernardino a Orlando, estamos lidando com inimigos determinados que precisam ser derrotados", afirmou, aludindo à recente série de atentados. "Não surpreende que as pessoas estejam ansiosas e em busca de conforto e liderança firme."
Em aceno aos eleitores de Bernie Sanders, seu resiliente rival nas prévias, agradeceu a o senador por "botar a justiça social no centro do debate, onde ela pertence".