quinta-feira, 15 de novembro de 2018

"Primeiras impressões - O capitão está começando bem na escalação do seu time", por Nelson Motta

Uns criticam Bolsonaro por voltar atrás em várias propostas anunciadas. Outros o acusam de ser autoritário, tirânico e fascista. Mas não dá para ser os dois ao mesmo tempo. Que autoritário volta atrás em suas decisões por reação a críticas? Que tirano admite com naturalidade seus erros e muda de opinião? Como disse o Diogo Mainardi, Bolsonaro, pelo menos até agora, está se revelando o fascista menos fascista da história, kkkkk.

Curiosamente, ou nem tanto, proclamados democratas como Lula e Dilma nunca reconheceram seus erros e de seus companheiros, raras vezes voltaram atrás por críticas, exerceram imperialmente o poder com mão de ferro, estilo autoritário e linguagem tosca.

Consequência da desmoralização da política tradicional, da impunidade, da corrupção e da onda antipetista que a candidatura fake de Lula provocou, a eleição de Bolsonaro — e o tsunami que varreu velhos caciques e ratazanas do Congresso — anuncia novos tempos no Brasil.

Só um idiota pode torcer ou contribuir para isso, mas talvez o governo Bolsonaro seja um desastre, talvez o novo Congresso seja pior do que o atual, talvez até melhore, mas nada será como antes. O Brasil disse nas urnas que quer autoridade, ordem e progresso. Não autoritarismo, tirania e fascismo.

O capitão está começando bem na escalação do seu time. Para o que o Brasil precisa no momento, ninguém melhor que o juiz Sergio Moro, muito mais qualificado para o Ministério da Justiça do que todos os seus antecessores até... quem é mesmo o ministro de Temer?

Assim como os filhos de Lula criaram muitos problemas para o pai com suas estrepolias empresariais, os de Bolsonaro também inspiram cuidados. Não como lobistas ou agentes de maracutaias, mas pelo exercício desmedido do poder recente, a língua solta e o desconhecimento de normas constitucionais e democráticas básicas.

Até agora está melhor, ou menos pior, do que se imaginava. Bolsonaro pode ser grosso e tosco, mas não o chamem mais de autoritário e de fascista. Por enquanto.


O Globo