sábado, 10 de novembro de 2018

'Ou todos os direitos e desemprego ou menos direitos e emprego', diz Bolsonaro

Para destravar a economia, será preciso atender à demanda de empresários e optar pela redução de direitos trabalhistas, afirmou nesta sexta-feira, 9, o presidente da República eleito, Jair Bolsonaro (PSL), em transmissão pelo Facebook em sua casa na Barra da Tijuca, zona oeste do Rio. "O que queremos é destravar a economia. Esse é o caminho. Os empresários têm dito para mim que nós temos que decidir: ou todos os direitos e desemprego ou menos direitos e emprego", afirmou. Bolsonaro disse ainda que "o Brasil é um País dos direitos", todos previstos na Constituição, e que não vai "tirar" esses direitos.
Em seguida, porém, acrescentou que está ouvindo o setor produtivo e que, para gerar vagas de trabalho, precisará atender à demanda dos empresários. "Nós não podemos salvar o Brasil quebrando o trabalhador", disse Bolsonaro, ao comentar o projeto de elevar a alíquota previdenciária de 11% para 22%, que chamou de "absurdo".
Jair Bolsonaro
Jair Bolsonaro (PSL), presidente eleito do Brasil Foto: Dida Sampaio/Estadão
Disse ainda confirmar na equipe econômica que está formando, sob a liderança do economista Paulo Guedes, com quem se reuniu nesta sexta-feira, 09, e que possui "carta branca" para trabalhar. "O Paulo Guedes deixou bem claro que quer abrir o mercado, mas que, para isso, tem que diminuir os impostos, senão quebra os empresários brasileiros. Eu confio nele", acrescentou.
Bolsonaro citou ainda o general Augusto Heleno que ficará com o Gabinete de Segurança Institucional, em vez do ministério da Defesa. "Fiquei feliz com a ideia do general ao meu lado para me aconselhar", disse

Reforma da Previdência

Bolsonaro, que toma posse em janeiro, disse também ter recebido projetos de reforma da Previdência do atual governo e de parlamentares, em Brasília, mas que "pouca coisa pode ser aproveitada para o ano que vem". Bolsonaro demonstrou preocupação especialmente com o gasto público com aposentadorias.
"Nós queremos uma reforma da Previdência, mas não podemos começar com a Previdência pública normal que está aí, dos trabalhadores da iniciativa privada, que desconta os 11% do INSS (Instituto Nacional do Seguro Social). Não é por aí. Tem coisa errada. Tem que se rever alguma coisa. Mas a pública é a mais deficitária", afirmou.
Ele ainda citou a Grécia, que, segundo o presidente eleito, teria adotado um fator previdenciário médio de 30%, como exemplo que não pretende seguir. "O Brasil está chegando a um limite na questão orçamentária, que quase tudo é despesa obrigatória. A questão previdenciária, a despesa tem subido assustadoramente. Não queremos nos transformar no que foi há pouco tempo a Grécia. Agora, todos têm que entender que está complicada a questão da Previdência.

Fernanda Nunes, O Estado de S.Paulo