"Continuem dignificando a Justiça com atuação independente (mesmo contra, se for o caso, o Ministério da Justiça", disse Moro, que agradeceu as congratulações e reafirmou que a decisão de deixar a magistratura foi "muito difícil, mas ponderada".
Disse a seus pares, que, se "tiver sorte", poderá fazer algo importante, assim como o juiz italiano Giovanni Falcone, um dos responsáveis por deflagrar a Operação Mãos Limpas na Itália.
Reconhecido internacionalmente, o juiz foi responsável pela condenação de mais de 300 mafiosos nas décadas de 1980 e 1990, alguns à prisão perpétua. Ele assumiu o cargo de diretor de Assuntos Penais do Ministério da Justiça da Itália depois da operação de combate à máfia siciliana Cosa Nostra. Em 1992, foi morto após o carro onde estava com amulher explodir.
Veja a íntegra:
Prezados colegas magistrados federais,
A todos que me endereçaram congratulações aqui, meus agradecimentos.
Foi uma decisão difícil, mas ponderada.
Em Brasília, trabalharei para principalmente aprimorar o enfrentamento da corrupção e do crime organizado, com respeito à Constituição, às leis e aos direitos fundamentais.
Lembrei-me do juiz Falcone, muito melhor do que eu, que depois dos sucessos em romper a impunidade da Cosa Nostra, decidiu trocar Palermo por Roma, deixou a toga e assumiu o cago de diretor de Assuntos Penais no Ministério da Justiça, onde fez grande diferença mesmo em pouco tempo. Se tiver sorte, poderei fazer algo também importante.
Da minha parte, sempre terei orgulho de ter participado da Justiça Federal e os magistrados terão sempre o meu respeito e admiração. Continuem dignificando a Justiça com atuação independente (mesmo contra, se for o caso, o Ministério da Justiça).
Abs a todos,
Sergio Fernando Moro"
Cleide Carvalho, O Globo