domingo, 18 de fevereiro de 2018

Pai perdoa filho que matou a família e pede revogação da pena de morte



Kent Whitaker pede que seu filho, Thomas, não seja executado - STAFF / REUTERS


Reuters


AUSTIN, Texas — Um homem do Texas que sobreviveu a um ataque doméstico letal promovido por seu filho está pressionando por clemência ao condenado, embora o estado nunca tenha poupado um preso condenado à morte apenas com o pedido formal da família da vítima.


Thomas "Bart" Whitaker terá sua pena de morte executada nesta quinta-feira, 22, por injeção letal, por ter planejado um ataque, em 2003, próximo a Houston, que deixou sua mãe Tricia, de 51 anos, e o irmão Keith, de 19 anos, mortos e seu pai, Kent, ferido por uma bala perto de seu coração.

Nos 31 estados que preveem pena de morte, promotores que tomam a decisão de buscar a pena de morte, equilibrando a punição que consideram melhor servir à sociedade com os desejos da família da vítima. Nesse caso, os promotores do Texas solicitaram a pena de morte e o júri decidiu que Bart Whitaker, de 38 anos, merecia ser executado.Seu pai, um devoto cristão e executivo aposentado de 69 anos, disse que se essa pena for implementada, isso só aumentará sua dor.

— Eu vou ser lançado em um sofrimento ainda mais profundo nas mãos do estado do Texas, em nome da justiça — declarou Kent Whitaker na semana passada, após um encontro de 30  minutos com o presidente do Conselho de Perdão e Condicional do Texas, em Austin.

Whitaker disse que seu filho foi um presidiário exemplar e forneceu cartas dos guardas da prisão para apoiá-lo. De acordo com a petição de clemência, Kent Whitaker, seus parentes e a família de sua esposa não querem que o Texas execute Bart.

A decisão do conselho deve ocorrer na terça-feira, dois dias antes da execução. Caso recomende mudar a sentença de morte pela prisão perpétua, o governador Greg Abbott, um republicano, tomaria a decisão final.

Tim Cole, professor da Faculdade de Direito da Universidade do Norte do Texas e um ex-promotor público do Texas, disse que o caso aponta para uma grande falha no sistema de penas capitais dos EUA. Sem critérios consistentes para que os promotores saibam se deveriam buscar a execução, opinou, o sistema é arbitrário.

— Depende-se completamente dessa pessoa, do promotor, aplicar a pena de morte ou não — disse.

No entanto, o caso de Whitaker é um ponto fora da curva. Em muitos casos, membros da família querem que o promotor busque a punição máxima, disse Cole.

Desde que o Supremo Tribunal dos EUA restabeleceu a pena de morte, em 1976, considerar clemência a pedido da família da vítima é quase inédito, de acordo com a organização sem fins lucrativos Centro de Informações de Pena de Morte, que monitora esse tipo de condenação nos EUA. Ocorreu apenas uma vez na Geórgia, em 1990, informou o grupo.