quarta-feira, 25 de janeiro de 2023

Mandato de Lula ‘é exatamente o governo Dilma’, diz economista Alan Ghani

 'Premissas fiscais dos petistas são semelhantes'

Economista Alan Ghani participou do programa <b>Oeste Sem Filtro </b> desta  quarta-feira | Foto: Reprodução Rumble
Economista Alan Ghani participou do programa Oeste Sem Filtro desta quarta-feira | Foto: Reprodução Rumble

O modelo de administração apresentado pelo novo governo de Luiz Inácio Lula da Silva tem as mesmas premissas fiscais do primeiro governo da ex-presidente Dilma Rousseff. A análise do cenário econômico foi feita pelo economista Alan Ghani, durante o programa Oeste Sem Filtro desta quarta-feira, 25.

“Não tem como dar certo o que está sendo colocado na mesa”, disse o economista. “Até agora, as sinalizações são muito ruins. É a volta ao banco público fomentador do crescimento econômico, que não gera crescimento e só gera deterioração fiscal. Lula fala em revisar a meta de inflação. Está falando: ‘Vem cá’, vamos aceitar uma inflação maior, tolerar uma inflação maior. Ele pensa em acabar com a independência do Banco Central [BC], depois propõe moeda única. É exatamente o governo Dilma.”

Para Ghani, as políticas apresentadas por Lula durante as viagens à Argentina e ao Uruguai são fatores determinantes no afastamento de investimentos estrangeiros no país. Medidas que enfraquecem o BC e aumentam o endividamento dos bancos públicos — como o BNDES — são pontos-chave para a fuga de capitas vindos de fora do Brasil, observou o especialista. “É questão de tempo para o investidor internacional tirar dinheiro do Brasil.”

Na entrevista, o economista foi interpelado sobre a viabilidade da moeda comum entre os países da América Latina. Ele disse que a ideia não tem condições de ser implantada no Mercosul e salientou que não é possível utilizar a Zona do Euro como modelo, visto que há diferenças entre os blocos.

“Não tem a menor condição de isso dar certo”, afirmou Ghani. “Porque, primeiro, são economias mais pobres. Os outros países estão em frangalhos. Outro ponto: como vou equiparar essas economias, para criar a moeda única? Seria inviável. Nem a China conseguiu não ter essa dependência do dólar. Não vai ser o Brasil, com acordo com a Argentina, que vai ficar menos dependente.”

Revista Oeste