quinta-feira, 26 de janeiro de 2023

Justiça determina apreensão de e-mails de diretores e conselheiros da Americanas (AMER3)

Judiciário atende pedido do Bradesco para que mensagens de profissionais que passaram pela empresa nos últimos dez anos sejam coletadas 




A Justiça de São Paulo determinou na tarde desta quinta-feira (26) busca e apreensão de e-mails institucionais de diretores e membros do conselho da Americanas (AMER3) que passaram pela varejista nos últimos dez anos. Também serão alvo da medida funcionários da área de contabilidades e membros do comitê de auditoria. A decisão é liminar e cabe recurso.

O judiciário atendeu um pedido feito pelo Bradesco (BBDC4), que é credora de uma dívida de R$ 4,7 bilhões com a Americanas. Segundo o banco, o objetivo da ação é o de levantar provas periciais na companhia com o “objetivo de esclarecer a origem dos vícios observados na contabilidade e, sobretudo, verificar a participação de administradores e acionistas da ré (por ação ou omissão) na alegada fraude contábil”.

“Tem sido veiculado diariamente nos meios de comunicação as suspeitas de contundente fraude financeira, a atingir uma cadeia volumosa de fornecedores, bancos e acionistas minoritários”, escreveu a juíza Andréa Palma, da 2ª Vara Empresarial de São Paulo.

“Neste quadro, diante da magnitude do fato e potencial responsabilização individual dos agentes envolvidos nas fraudes suspeitas, é razoável supor que provas relevantes e necessárias para verificar a ocorrência de fatos ilícitos correm risco de perecimento”, prosseguiu a magistrada.

A Justiça nomeou a Ernest & Young (EY) como a responsável para a produção das provas periciais e a advogada Patrícia Punder para a realização da perícia investigativa.

Procurada, a Americanas disse que não foi notificada e que “aguardará ser notificada formalmente da decisão para adotar as providências cabíveis”.

Figuras-chave no foco

A tendência é que figuras importantes da Americanas sejam o alvo da devassa nos e-mails. Executivos como o antigo CEO Miguel Gutierrez, que presidiu a empresa por quase duas décadas, e Carlos Alberto Sicupira, um dos bilionários do 3G Capital, são figuras relevantes que estiveram na administração da varejista nos últimos anos.

Paulo Alberto Lemann, filho do homem mais rico do Brasil e acionista de referência da Americanas, Jorge Paulo Lemann, também é outro alvo da apreensão, uma vez que faz parte do conselho de administração da companhia. Eduardo Saggioro Garcia e Cláudio Moniz Barreto Garcia são outros conselheiros relevantes.

Além de Lemann e Sicupira, Marcel Telles, outro bilionário do 3G foi controlador da companhia até 2020 e poderá ser alvo da medida.

Rikardy Tooge, InfoMoney